Vaquinha arrecada doações para distribuir absorventes a mulheres encarceradas
Ação criada por Instituto Humanitas e ONG Aqueles Dias dobra contribuições acima de R$ 10
O Instituto Humanitas 360 e a organização Aqueles Dias arrecadam recursos para a compra de absorventes e itens de higiene básica para mulheres encarceradas. A campanha “Aqueles Dias no Cárcere” recebe doações durante o mês de julho na plataforma de financiamento coletivo Kickante.
A ação pretende combater a pobreza menstrual dentro de unidades prisionais brasileiras, espaço habitado por quase 40 mil mulheres, em sua maioria pretas, pardas e pobres, segundo levantamento nacional de informações penitenciárias do Ministério da Justiça (Infopen).
Se na sociedade brasileira uma em cada quatro adolescentes não tem acesso a absorventes, segundo o relatório Livre para Menstruar, no sistema penitenciário a situação se agrava.
A Defensoria Pública de São Paulo afirmou, em fevereiro deste ano, que 61% das detentas no estado “entendem que o fornecimento de absorventes se mostra insuficiente nos estabelecimentos prisionais”.
Em um vídeo da campanha, egressas contam como mantinham a higiene no cárcere durante a menstruação. “Lá é tudo muito difícil, principalmente para quem não tem ajuda da família e depende só do que ganha do governo, que é um absorvente de péssima qualidade”, diz Regina, 28.
“Tem que usar papel higiênico; se não tem, coloca um pedaço de tecido, um pano. As mulheres encarceradas se sentem mais fragilizadas e a menstruação mexe muito.”
Uma doação de R$ 10 é suficiente, segundo o Humanitas, para garantir dois pacotes de absorventes descartáveis para um ciclo menstrual. Sempre que for realizada uma doação acima deste valor mínimo, o instituto fará outra doação de igual valor.
“Esta campanha é um esforço conjunto das duas organizações para chamar a atenção e ajudar a sanar este grave problema, que tira destas mulheres o direito à dignidade”, diz Patrícia Villela Marino, presidente do Instituto Humanitas 360.
Os absorventes serão distribuídos inicialmente no locais em que o instituto atua —em Pedrinhas, no Maranhão, e no presídio feminino de Tremembé, em São Paulo— , podendo expandir para outras unidades a depender do volume arrecadado.