Candidatos dizem o que fazer para resolver problema da falta de energia em Goiás
Ranking da Aneel diz que distribuição de energia no estado é uma das três piores do Brasil
Um dos grandes gargalos atuais de Goiás refere-se à distribuição de energia elétrica. Isso porque o território goiano sofre com quedas constantes de energia, que ocasionam prejuízos a produtores rurais, empresas e moradores. Desde 2017, quando a italiana Enel assumiu a gestão do serviço no estado ao comprar a Celg-D, a empresa vinha sendo ranqueada entre as piores posições de serviços do Brasil.
Segundo o Indicador de Desempenho de Continuidade, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgado em março de 2022, a Enel Goiás ficou no 27º lugar entre 30 empresas do setor. Na última semana, após anos de críticas, a companhia italiana oficializou a venda da Celg-D pelo valor de R$ 1.575 bilhão para a Equatorial, empresa que também possui distribuidoras com um dos piores desempenhos no Brasil.
A comercialização reacendeu o alerta e preocupações de que o problema pode estar longe do fim. Diante do cenário, o Mais Goiás procurou os três candidatos mais bem colocados na disputa pelo governo estadual e questionou as propostas a fim de solucionar a problemática no estado.
As propostas
Ronaldo Caiado afirma que a Celg-D foi dilapidada e vendida pela gestão passada por R$ 1,1 bi, deixando prejuízo de R$ 12 bi. O governador diz que, desde que assumiu o estado, passou a cobrar da Enel que cumprisse os compromissos que fez em contrato. Ele lembrou que o Governo de Goiás não tem mais controle sobre a Celg-D desde a privatização da empresa e ressaltou que a prerrogativa de fiscalização é da Aneel. No entanto, com a venda para a Equatorial, o político informou que assumiu o compromisso de não dar trégua à empresa para que seja ofertada condições aos empresários para expandirem seus negócios, e, ao mesmo tempo, de ter uma energia de qualidade.
Gustavo Mendanha pontuou que, atualmente, o problema da energia ocorre na forma como ela é distribuída. Segundo o candidato, na parte da geração, é fornecido mais do que a demanda do estado. Para ele, a solução emergencial necessária é a construção de 800 km de linhas de extensão; reforma 20 subestações e construção de outras 12. O ex-prefeito de Aparecida também pretende conceder aporte de até R$ 2 bilhões para empresários realizarem investimentos exigidos pela Enel, além de dar desconto do valor direto na conta de energia daqueles que já investiram
Major Vitor Hugo, por outro lado, se diz a favor da privatização, mas ressalta que o modelo de concessão firmado entre o Governo de Goiás e a Enel teve muitas falhas, inclusive na fiscalização sobre o que foi prometido e o que foi entregue ao território goiano. Para que o erro não se repita, ele pretende criar uma Secretaria de Minas e Energia, órgão que seria alinhado com a estrutura de ação do Ministério de Minas e Energia, sendo responsável por políticas públicas e fiscalização do setor. O deputado federal também afirma que tem como objetivo, caso seja eleito, criar estratégias para aumentar a capacidade de regulação estadual para fiscalização das prestadoras de serviços, bem como fomentar e incentivar a construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).
Confira o posicionamento de cada candidato na íntegra
Ronaldo Caiado
Depois que dilapidaram a Celg-D e venderam a empresa por R$ 1,1 bi, deixando R$ 12 bi de prejuízo para o Estado, eu assumi o governo do Estado organizando o caixa e cobrando da Enel que cumprisse os compromissos que fez em contrato. Graças a nossa pressão, a Enel está saindo porque não deu conta de entregar um serviço de qualidade. Mas o governo anterior ao meu entregou a distribuição de energia elétrica em Goiás para a iniciativa privada, não é mais um serviço do Estado e a prerrogativa de fiscalização é da Agencia de Energia Elétrica (Aneel), órgão do governo federal. No entanto, assumi o compromisso de lutar incessantemente, assim como fiz com a Enel, e não dar trégua, exigindo a oferta de uma energia que garanta ao consumidor condições de expandir os seus negócios e, ao mesmo tempo, de ter uma energia de qualidade.
Vou acompanhar de perto a prestação de serviço de energia elétrica em Goiás após o anúncio da venda da Enel Distribuição Goiás para a holding Equatorial Energia S.A. Não vou baixar a guarda hora alguma. Vou pedir que cumpram o compromisso e que levem energia elétrica para o desenvolvimento do Estado de Goiás. O que nós temos que fazer é continuar cada vez mais cobrando. É importante que o goiano saiba que o Governo de Goiás não tem mais controle sobre a empresa que distribui energia elétrica em Goiás. Infelizmente, com a venda da Celg, que não pertence mais à administração estadual, essa atribuição passou para a Aneel.
Há cinco anos fizeram essa privatização criminosa e impuseram aos goianos todos esses prejuízos. E vocês viram que essa foi uma venda fraudulenta, até porque Goiás ficou com uma dívida no Tesouro de R$ 12 bilhões que nós, goianos, ainda temos que pagar. Chegamos ao governo e continuamos nessa luta, exigindo que cumprissem tudo aquilo que havia assinado no contrato, no momento da compra da Celg. E, mesmo assim, não cumpriam. Quando chegou agora, que eles viram que ia para a caducidade, rapidamente venderam a Enel para a Equatorial.
Gustavo Mendanha
Goiás tem a 3ª pior concessionária de energia do país, e na calada da noite, o governador fechou um péssimo negócio numa clara demonstração de desespero para sustentar uma mentira eleitoreira. Eu não entendi o motivo dele comemorar a venda da Celg D para a empresa Equatorial, que tem desempenho pior que o da Enel, segundo um relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
No ranking das 29 concessionárias de grande porte, as empresas do grupo Equatorial são as últimas colocadas, em 28⁰ e 29⁰ posição, pelo desempenho ruim de frequência de interrupções. Elas perdiam apenas para a Enel, que era a 27ª colocada
Nos últimos anos, os goianos vêm enfrentando uma série de problemas com energia, perdendo em competitividade, gerando prejuízos aos produtores, com impactos diretos na economia e a retração de várias empresas, que deixaram de vir para o Estado pela instabilidade elétrica.
A Enel é uma péssima empresa e tem que sair de Goiás, mas isso leva tempo, então, o que venho apresentando é para resolver de forma emergencial.
O problema da energia hoje é na forma como ela é distribuída. Na parte da geração, ela fornece mais do que a demanda do Estado, então, a solução é construir 800 quilômetros de linhas de extensão, reformar 20 subestações e construir outras 12.
Hoje, as empresas que desejam se instalar em Goiás já recebem da Enel um documento com os investimentos necessários. Então, o que quero fazer é subsidiar o valor para os produtores e empresários que não têm condições de pagar por esse custo. O valor aportado pelo Estado será de até R$ 2 bilhões de reais.
Quem tiver feito o investimento terá o desconto do valor direto na conta de energia, ou seja, esse custo é da concessionária.
A Anglo American já fez isso quando quis se instalar em Catalão. Não estou inventando a roda, apenas dando condições para formalizar um modelo que já existe e vai resolver o problema.
Eu espero muito que a Equatorial faça um bom trabalho, e digo mais: se não resolver com urgência o problema da energia, Goiás voltará a sofrer com os apagões.
Major Vitor Hugo
A população em geral e o setor produtivo, da indústria aos produtores rurais, sofreram muitos prejuízos em razão da inação do atual governador do estado para esta questão da Enel. Como deputado federal, já em 2019 eu promovi uma audiência pública com a participação de especialistas do Ministério de Minas e Energia e da Aneel, em razão dos prejuízos causados por esta empresa. Depois de 3 anos e quase 10 meses de mandato, o atual governador “surfa na onda”, e realiza a venda para uma outra empresa, a Equatorial.
Sou a favor da privatização, mas o modelo de concessão firmado entre Governo de Goiás e a Enel teve muitas falhas, inclusive na fiscalização sobre o que foi prometido e o que foi realmente entregue ao estado.
Para que esta calamidade não se repita, implantaremos uma Secretaria de Minas e Energia, órgão alinhado com estrutura de ação no Ministério de Minas e Energia (MME) e responsável por políticas públicas e fiscalização do setor. Vamos adotar estratégias para aumentar a capacidade de regulação estadual quanto a capacidade de fiscalizar as prestadoras de serviços públicos concedidos em território goiano em geral.
Também vamos fomentar e incentivara construção de novas PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), pois Goiás é um dos estados com maior potencial hidroelétrico do País. Goiás possui perfil exportador de energia, além de um grande potencial disponível e não explorado. Goiás está no trevo do sistema interligado nacional, e detém, portanto, vantagem competitiva para exportar o excedente gerado no estado.