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Verão é propício para alta de casos de dengue, chikungunya e zika; veja como prevenir

Chuvas e comportamento mais relaxado das pessoas durante verão intensificam as possibilidades de criadouros do Aedes Aegypti

Goiás é um dos sete Estados com maior incidência de dengue

O verão chegou e com ele uma preocupação: a incidência das doenças típicas da estação. Dengue, vírus da zika, chikungunya e até a febre do mayaro –em circulação no Rio de Janeiro– trarão mais preocupação nos primeiros meses de 2020, segundo especialistas.

Nova no Brasil, a febre do mayaro é transmitida por mosquitos silvestres, que vivem em matas e nas copas das árvores, como o haemagogus –o mesmo da febre amarela silvestre. Os sintomas são semelhantes aos da chikungunya (febre, dores de cabeça e muscular, além de manchas avermelhadas na pele).

“O verão traz o maior risco devido às chuvas associadas ao comportamento das pessoas, que estão relaxadas e não se preocupam em eliminar os criadouros do Aedes Aegypti“, afirma Melissa Palmieri, especialista em vigilância em saúde e coordenadora-médica do Grupo Pardini.

De 1º de janeiro a 9 de dezembro de 2019, foram registrados na cidade de São Paulo 16.676 casos de dengue e outras três mortes em decorrência da doença, além de um caso de chikungunya, segundo dados da Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde), órgão ligado à Secretaria Municipal da Saúde.

Foi o segundo maior número de casos da doença em São Paulo. Só perde para 2015, quando houve mais de 100 mil notificações.

No mesmo período do ano anterior, foram 586 casos de dengue, 34 de chikungunya e 14 de febre amarela com seis mortes pela doença. Em 2017, foram registrados 866 confirmações de dengue, três de zika e 33 de chikungunya.

Além da expectativa para o aumento de notificações destas doenças, para 2020 há uma preocupação maior. Nos últimos cinco anos, circulou nos grandes centros o sorotipo 1 da dengue. O 2 está sendo monitorado na cidade de São Paulo desde o verão passado.

“Você tem um contingente de vulneráveis, porque acredita-se que nos grandes centros urbanos 80% das pessoas já tiveram exposição ao vírus 1 e ficaram suscetíveis a outros tipos. Então, temos a somatória nada favorável: o verão, a entrada do novo sorotipo e o comportamento das pessoas”, explica Palmieri.

“Essas situações adversas vão colaborar para que o cenário epidemiológico não seja positivo e nem controlado”, afirma.

Para Raquel Muarrek, infectologista do Hospital São Luiz, em São Paulo, a dengue está mais recorrente e há uma chance de ela ser mais grave (forma hemorrágica) por causa do novo sorotipo.

Palmieri reforça a importância de se eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti semanalmente. “Não adianta cobrar do governo se enquanto cidadão você não faz a sua parte. A população não aderiu a ideia de que tem obrigação de cuidar da própria casa.”

A médica dá outras dicas. “Geralmente, a picada do Aedes acontece às 8h e por volta das 16h. É um mosquito que gosta de cor escura e odor forte, como o chulé. Use repelente nestes horários e cores claras.

Outras doenças

Além das arboviroses, grupo que agrega dengue e chikungunya, outras doenças têm circulação maior no verão, como as diarreias, os quadros virais, dermatites, conjuntivites, bicho geográfico e as lesões de pele (micoses de unha e até erisipela, que é muito comum nesta época).

As doenças diarreicas ocorrem quando há a ingestão de alimentos e água contaminados. Têm como principais causas os enterovírus, principalmente rotavírus e norovírus, e as bactérias, como a escherichia coli patogênica e a salmonella, entre outras.

É possível evitá-las adotando medidas simples de higiene. Lavar as mãos antes de preparar ou consumir alimentos, guardá-los em recipientes fechados, higienizar alimentos crus, consumir os alimentos cozidos imediatamente após o preparo e em temperatura quente; beber água potável, guardar as sobras em geladeiras e sempre reaquecê-las antes de consumir são algumas atitudes preventivas.

O bicho geográfico é contraído na praia. Os médicos recomendam evitar ficar descalço na areia, principalmente perto do calçadão onde a incidência de fezes e urina de animais domésticos é maior. Em condomínios, o ideal é cobrir os brinquedos do playground para impedir que cães e gatos sujem o local.

No verão, aumenta a circulação do vírus da conjuntivite. Coçar os olhos sem lavar as mãos, frequentar piscinas e aglomerações e compartilhar objetos de uso comum aumentam as chances de contágio da doença.

Muarrek recomenda redobrar os cuidados com a higiene, principalmente se viajar a locais com muita chuva. “Hidrate-se, lave bem as mãos e evite água de bica. Beber água que não é potável aumenta o risco de hepatite A. As águas de enchente podem transmitir leptospirose se o local for infestado por roedores. Quem gosta de acampar deve tomar cuidado com carrapatos. O contato causa a febre maculosa”, alerta Muarrek.

Outra dica é usar repelentes com icaridina (princípio ativo derivado da pimenta), se vestir com calça e blusa comprida. E mais: evite roupas escuras que atraem o mosquito.

Doenças do verão

ARBOVIROSES

Dengue, zika, chikungunya, febre amarela e febre do mayaro

Transmissão: picada do Aedes aegypti
Como ocorre: mosquisto é atraído por odores fortes e cores escuras; costuma picar as pessoas por volta das 8h e 16h
Prevenção: elimine criadouros –retire a água acumulada em pratos de plantas, pneus, telhas e etc

Febre do mayaro

Transmissão: Haemagogus, o mesmo da febre amarela silvestre

Doenças diarreicas

O que são: ocorrem quando há a ingestão de alimentos e água contaminados
Transmissão: enterovírus e bactérias
Prevenção:
1) Lave as mãos antes de preparar ou consumir alimentos
2) guarde os alimentos em recipientes fechados
3) higienize alimentos crus
4) consuma alimentos cozidos imediatamente após o preparo e em temperatura quente
5) beba água potável
6) guarde as sobras em geladeiras e sempre reaqueça antes de consumir

Bicho geográfico (verme)

Prevenção: não ande descalço na areia da praia; em condomínios, cubra os brinquedos do playground para impedir que cães e gatos depositem fezes e urina no local