Vereadora trans é alvo de preconceito ao tomar posse em Belo Horizonte
A primeira vereadora transexual eleita de Belo Horizonte, professora Duda Salabert (PDT), 39, foi alvo…
A primeira vereadora transexual eleita de Belo Horizonte, professora Duda Salabert (PDT), 39, foi alvo de preconceito nesta quinta-feira (1º), dia em que tomou posse do cargo na Câmara Municipal.
Durante a posse presencial, Duda teve que reagir a uma declaração preconceituosa e equivocada do vereador Wesley Autoescola (Pros). Ele ignorou o desempenho dela e parabenizou a Professora Marli (PP) por, segundo ele, ter sido a mulher que recebeu mais votos, posto dado pelos eleitores, na verdade, à pedetista.
“Quero aproveitar este momento, até mesmo como um dos líderes da frente cristã, e dar parabéns especial à vereadora mais bem votada desta legislatura, uma professora que, realmente, deixou legado muito grande por onde ela passou e trouxe esta votação que surpreendeu muitos. Então, quero parabenizar a Professora Marli”, disse ele.
Duda teve 37.613 votos para vereadora da capital. Professora Marli teve 14.496 votos. “Faço parte de um grupo cuja humanidade é negada. Como cristã, evangélica, coloco-me também a serviço da bancada cristã para a gente fazer um exercício daquilo que Cristo nos ensinou, que é o respeito, o amor, e não o ódio, a intolerância a violência e o crime”, afirmou Salabert pouco depois.
Levantamento mais recente da entidade contabilizou 151 assassinatos de pessoas trans no Brasil, de janeiro a outubro de 2020. O total de casos representa aumento de 47% em relação ao mesmo período de 2019 inteiro, quando foram registrados 103 homicídios desse tipo.
“Vou trazer essas violações de direitos humanos contra pessoas transexuais para esses espaços [de poder], e vereadores têm obrigação de combater a violência, uma vez que há interesse popular para que isso seja mudado”, destacou Duda.
A parlamentar afirmou que, independentemente de enfrentar cenário conservador ou não, é unânime em todas as bandeiras ideológicas o respeito aos direitos humanos.
“É isso que vamos trazer para a sociedade. Se as pessoas se posicionarem contra os direitos LGBTs, estão sendo contrárias aos direitos humanos”, continuou.
A eleição de 2020 foi a segunda disputada por Duda. Ela teve mais que o dobro da votação de Áurea Carolina (PSOL), que tinha o recorde anterior, quando conquistou 17.420 votos e foi eleita em 2016.