Witzel diz que se precipitou ao revelar que queria ser presidente
Governador afastado deu entrevista na noite da última quarta-feira no Palácio Laranjeiras
Sentado à mesma mesa onde, realça, o presidente Costa e Silva se reuniu com seus ministros no Palácio Laranjeiras, em dezembro de 1968, para aprovar o Ato Institucional Número 5, o AI-5, o governador afastado Wilson Witzel se dispõe a avaliar os próprios erros. Entre afagos no gato Elvis, que sobe no móvel, e baforadas de charuto cubano, reconhece que foi precipitado ao declarar publicamente o desejo de ser presidente da República. Arrepende-se:
— Certa vez, uma jornalista perguntou se eu seria candidato à Presidência. Respondi inocentemente que era o sonho de qualquer governador. Hoje reconheço que não agi corretamente. Uma eventual candidatura, seja à reeleição ou a outro cargo, dependeria de articulação política com aqueles com os quais mantive estreitas relações na campanha eleitoral, especialmente a família Bolsonaro.
Momentos antes, Witzel havia ligado para o pai, José Witzel, de 81 anos, para perguntar sobre o movimento metalúrgico de São Paulo nos anos 1960. Queria comprovar ao visitante que o pai militou com Lula. Mas Seu José aproveitou o telefonema para avisar ao filho que trocará o marcapasso no próximo dia 7.
— Pai, aguenta firme aí. Mamãe também. Quero os dois sentados ao meu lado no Rolls Royce pela Esplanada dos Ministérios — reage Wilson, referindo-se ao tradicional desfile do conversível durante as cerimônias de posse presidencial em Brasília.