13 anos depois, jovem que teve a língua cortada com alicate diz que perdoou agressora
Lucélia foi encontrada amordaçada e acorrentada na área de serviço do apartamento em que vivia
A missionária Lucélia Rodrigues da Silva de 25 anos comoveu Goiás há 13 anos atrás, quando foi encontrada pela polícia amordaçada e acorrentada na área de serviço do apartamento em que vivia com a ex-empresária Sílvia Calabresi Lima, em um bairro nobre da capital. Na época, Lucélia chegou a ter a língua cortada com alicate durante uma das torturas. Mas hoje, ela diz que superou os traumas e conseguiu perdoar sua agressora.
“Eu perdoei, escolhi perdoar. Perdoar não é esquecer. É lembrar e não sentir mais dor”, disse a jovem. A ex-empresária foi presa em 2008, quando as torturas foram descobertas e Lucélia, que tinha 12 anos, foi resgatada pela polícia. Após as violências, a jovem foi para um abrigo, onde foi adotada por um casal de pastores. Atualmente, ela é casada e tem dois filhos.
“Meu sonho era casar e ter família. Casei. Realizei meu sonho de ser mãe. Minha família é meu bem maior”, disse Lucélia. Como missionária, ela espalha sua história de superação e seus sonhos realizados após anos de sofrimento, a fim de motivar outras pessoas.
A jovem afirma que conseguiu reencontrar o amor familiar e que ainda tem planos de ter mais um filho. “Vai ter mais [filhos], mais uma. Tentar uma menininha. Cuidar dela como princesa e dar para ela aquilo que não tive”, disse.
Torturas
A polícia chegou até o prédio de Sílvia após a denúncia de um vizinho. De acordo com as investigações, Lucélia foi morar com Sílvia, com autorização da mãe, para estudar. Contudo, além de cumprir com todas as tarefas domésticas na casa, a garota apanhava diariamente e era torturada com um alicate, que, segundo o inquérito, foi usado para cortar a língua da garota.
Nas investigações, os policiais também descobriram que, em algumas ocasiões, a mulher colocava pimenta na boca, nariz e olhos da menina e a deixava sem comer por dias.
Silvia foi condenada a quase 15 anos de prisão. Mas, em 2014, a Justiça concedeu o benefício de progressão de pena e ela foi transferida para o regime semiaberto. A reportagem não conseguiu localizar a defesa da ex-empresária para que se posicionasse.
Assim como a ex-empresária, a empregada dela também foi condenada a sete anos de prisão por participação no crime, em junho de 2008. O marido de Sílvia respondeu durante 1 ano e 8 meses por omissão. Ainda em setembro de 2008, a Justiça condenou o casal a pagar uma indenização de R$ 380 mil por danos morais e estéticos, além de verbas trabalhistas a Lucélia.
Além deles, a mãe biológica da garota, Joana d’Arc da Silva, foi a júri popular, no início de setembro daquele ano, sob a acusação de ter recebido dinheiro para entregar a filha à Sílvia. No entanto, foi absolvida.
*Com informações do G1