PENITENCIÁRIAS

43% da população carcerária foi testada contra Covid em Goiás; 24% foi infectada

Dados revelam panorama da Covid no sistema penitenciário local desde o início da pandemia

Entre servidores do sistema prisional, 758 se recuperaram da Covid; dois morreram (Foto ilustrativa: reprodução)

De uma população carcerária de 21.626 detentos, 43% foi testada contra a Covid-19 no estado de Goiás. Os exames revelaram, até o momento, que das 9.324 pessoas analisadas, 2.253 (24%) tiveram diagnóstico confirmado para a doença. Dos reeducandos acometidos pelo coronavírus no estado, 76 estão em recuperação e oito não resistiram – três deles do regime aberto – desde o início da pandemia. Dados são da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) e foram atualizados na tarde desta sexta-feira (30/4).

No que compreende apenas presos do regime fechado, 17.462, 53% foram testados. Entre esses, 12,9% tiveram diagnóstico positivo e 5 pessoas morreram.

No espectro geral da Covid no Brasil, Goiás apresenta números baixos, tanto em relação à quantidade de infectados como no número de mortes pela doença. No país, de acordo com levantamento divulgado no último mês de abril pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 55.109 detentos foram diagnosticados com coronavírus, gerando um total de 174 óbitos desde quando a doença começou a se alastrar pelo território nacional.

De acordo com a DGAP, rotinas diárias de higienização são responsáveis por manter os índices de contágio baixos dentro do sistema prisional goiano. Desinfecção das instalações prisionais, vacinação do efetivo, testagem ativa de servidores e detentos são algumas das iniciativas desenvolvidas pela instituição no combate a Covid-19.

Outro procedimento importante para conter a disseminação do coronavírus, segundo o órgão, foi a triagem e a quarentena dos presos que ingressam no sistema. De acordo com o diretor da DGAP, Franz Rasmussen Rodrigues, a instituição criou unidades de triagem para realizar exames e encaminhamento para quarentena de quem chegar com carga viral.

“Todo preso que é encaminhado para o Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, por exemplo, permanece um período de quarenta dias na Casa do Albergado ou na Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto, até que se comprove que ele não está contaminado. As unidades prisionais do interior seguem o mesmo protocolo. Por isso, em mais de 14 meses de pandemia, tivemos oito mortes de detentos por Covid, sendo que três dos óbitos ocorreram com sentenciados que cumpriam pena no regime aberto, ou seja, estavam fora das unidades prisionais monitorados com tornozeleira eletrônica”, explicou.

Higienização do sistema penitenciário (Foto: divulgação/DGAP)
Higienização do sistema penitenciário (Foto: divulgação/DGAP)

Servidores do sistema prisional

A realidade da disseminação do vírus entre os servidores do sistema penitenciário é semelhante à dos detentos goianos. Entre os 4.326 servidores, 778 já tiveram Covid. Ao todo, 758 estão recuperados e dois casos evoluíram para óbito. Os números são da DGAP, obtidos após aplicação de 5.601 testes nos trabalhadores desde o início da pandemia.

No Brasil, também segundo o CNJ, 70.278 testes foram realizados em servidores do sistema carcerário desde o início da pandemia. Ao todo, 19.873 tiveram diagnóstico positivo e 190 morreram.

Segundo Rasmussen, o baixo número de óbitos entre servidores em comparação com o cenário nacional, também decorre de ações de conscientização.

“A instituição também promoveu, por meio de parceria com o Ministério Público e universidades em Goiás, palestras a respeito dos procedimentos de prevenção e de combate ao coronavírus e realizado treinamentos sobre a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os servidores, inclusive os próprios presos participaram, como medida de ressocialização, da confecção das máscaras de proteção distribuídas dentro e fora do sistema prisional”, declarou.