Operação contra trabalho escravo resgata 49 pessoas em fazenda de Santa Bárbara de Goiás
Operação conjunta identifica situação de trabalhadores submetidos a condições desumanas em plantação de milho.
49 trabalhadores em situação análoga à de trabalho escravo foram resgatadas em uma plantação de milho em Santa Bárbara de Goiás, a 50 km de Goiânia. Durante a jornada de até 12 horas diárias para a colheita de palhas de milho destinadas à produção de cigarros, esses trabalhadores enfrentavam condições desumanas e degradantes.
De acordo com as informações divulgadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, os trabalhadores não dispunham de condições básicas de higiene, como água suficiente para consumo e sanitários adequados. As necessidades básicas, como alimentação e higiene pessoal, eram negligenciadas, com o grupo sendo obrigado a fazer suas necessidades no meio do mato.
A situação de vulnerabilidade desses trabalhadores não se limitava apenas ao local de trabalho. No alojamento em Trindade, faltavam itens essenciais, como roupa de cama, ventilação nos quartos e instalações para preparo de refeições e lavagem de roupas.
Além disso, a segurança dos trabalhadores estava comprometida, já que as máquinas utilizadas para a extração da palha de milho estavam em condições precárias, representando um sério risco de acidentes.
A operação, que ocorreu entre 27 de setembro e 3 de outubro, teve apoio do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Rodoviária Federal. Roberto Mendes, auditor fiscal do trabalho, alertou para as várias irregularidades constatadas e os riscos enfrentados pelos trabalhadores. “Os resgatados não recebiam equipamentos adequados de proteção individual, não dispunham de instalações sanitárias, sem água suficiente no local de trabalho, laborando em jornadas extenuante de até 12 horas por dia, além várias outras irregularidades constatadas”
As investigações identificaram que os trabalhadores foram contratados por uma empresa de Sales de Oliveira (SP) e provenientes de diferentes estados, como Maranhão, São Paulo e Minas Gerais.
O Mais Goiás tentou contato com a empresa Palhas Fonseca, responsável pela contratação dos trabalhadores, mas não obteve sucesso até a publicação desta reportagem.
Após o resgate, a empresa foi obrigada a pagar os direitos trabalhistas, totalizando mais de R$ 400 mil. Além disso, os 49 resgatados receberão três parcelas do seguro desemprego, cada uma equivalente a um salário mínimo, antes de retornarem aos seus estados de origem.