8% dos goianos vivem com menos de R$ 10 por dia na pandemia
Desde o início da pandemia, a parcela da população que vive abaixo da linha de…
Desde o início da pandemia, a parcela da população que vive abaixo da linha de pobreza no estado foi de 6% para 8%. As pessoas que vivem na linha abaixo da pobreza sobrevivem com menos de R$ 10 por dia. Do total da população goiana, 19% pertence a Classe “E”, cujas famílias sobrevivem com apenas dois salários-mínimos. Os dados são da Central Única das Favelas em Goiás (Cufa-GO).
De acordo com o presidente da Cufa-GO, Breno Cardoso, o crescimento da população em situação de desfavorecimento social no estado junto às condições restritivas da pandemia, diminuição do auxílio emergencial e queda de doações reflete aumenta o buraco causado pela fome em Goiás.
“Neste momento, voltamos nossos esforços ao enfrentamento a fome que é o problema principal que aflige essa parcela da população”, declara Breno. A Cufa-GO atendeu o total de 701 mil pessoas em Goiás entre 2020 e 2021.
Aulas presenciais
Outro fator apontado por Breno como intensificador da fome no estado é o fim das aulas presenciais devido à pandemia. “Muitas famílias fazem o filho ir para escola para alcançar a merenda escolar. Na situação atual, mães precisam parar de trabalhar para poder cuidar dos seus filhos em casa e muitas delas deixam de fazer refeições para que o filho possa se alimentar”, lamenta Breno.
Fome
A pesquisa “A favela e a Fome”, realizada pelo Data Favela, em parceria entre Instituto Locomotiva e Cufa, entrevistou 2 mil moradores de 76 favelas brasileiras na segunda semana de fevereiro deste ano. A média de refeições diárias entre os entrevistados é de menos de duas (1,9). Nos últimos 15 dias data das entrevistas, 68% dos participantes afirmaram que em ao menos um dia faltou dinheiro para comprar comida.
Se o auxílio emergencial fosse encerrado, 67% precisariam cortar despesas básicas, como comida (53%), limpeza (45%) e atrasariam contas (61%). Nesta situação, somente 8% deles conseguiriam manter o padrão de consumo. A pesquisa revelou também que 71% das famílias das favelas brasileiras sobrevivem com menos da metade da sua renda e 93% não dinheiro guardado.
“A fome é uma situação que mexe diretamente com a dignidade da pessoa, destrói o intelecto e a autoestima. Quando uma pessoa passa pela situação de extrema dificuldade, fica totalmente sem perspectiva de melhoria. A fome é a maior crise que pode acontecer com essas pessoas que temos contato no dia a dia”, defende Breno.