PREÇO DO ISOLAMENTO

Abrigo mantém idosos saudáveis, mas combate à tristeza é maior dificuldade

Os mais lúcidos entendem a situação, reforça o presidente. Antônio Carlos destaca cuidados para manter os internos livres do Covid-19

OMS recua e desiste de classificar velhice como doença - (Foto: Pixabay)

Saudáveis, mas tristes. Essa é a realidade dos cerca de 60 idosos que vivem no Abrigo dos Idosos São Vicente de Paulo, em Goiânia. O presidente a instituição, Antônio Carlos Araújo dos Santos, também não disfarça o tom triste na voz ao explicar que desde o dia 15 as visitas estão suspensas no local, em decorrência do novo coronavírus. Na mesma data, também foram canceladas as sessões de fisioterapia ao público externo.

Passeios e atividades já programadas também foram canceladas. Além do contato dos servidores, então, os idosos mais ativos têm participado de jogos internos, momentos de oração e assistido televisão.

Apenas a direção, corpo técnico e médicos têm sido as companhias dos idosos. “Restringimos, de fato, ao máximo, o fluxo de pessoas, o que nos tem causado uma grande tristeza.”

Segundo Antônio Carlos, é notório o entristecimento deles pela falta de movimentação no abrigo. Apesar disso, ele afirma que aqueles mais lúcidos compreendem a situação. “Eles sinalizam que sabem o porquê disso.”

Boa notícia

Mas nem tudo é negativo. Antônio celebra que nenhum idoso está com problemas de saúde. Além disso, ele destaca que a prefeitura de Goiânia já realizou a vacinação da influenza e sarampo nos internos e servidores, nesta semana.

“Agora, estamos tomando todos os cuidados para o período que se aproxima. Em maio, pode haver queda de temperatura e, com isso, algumas enfermidades. Por isso, corremos para atender essa preocupação antecipada.”

Diferente

Também na capital, no Centro de Idosos Sagrada Família, administrado pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), a situação é diferente, segundo a gerente de programas socioassistenciais, Olga Saab. No local, vivem 70 idosos semi dependentes e 30 em lares independentes.

“A rotina não mudou muito para os semi dependentes. As visitas foram substituídas por videoconferências.” As visitações foram interrompidas no último dia 13 de março.

Os demais, segundo ela, compreendem a quarentena e têm respeitado. “Apenas no começo, falavam em dar só uma ‘saidinha’”, brinca Olga. “Hoje quando precisam de algo, já pedem aos profissionais.”

Detalhes

Ela explica que os servidores que atendem os idosos foram limitados e que estes são exclusivos para este trabalho – sem escalas em outros locais, mas com revezamento. “Então, hoje a OVG provê todas as necessidades deles, inclusive com entretenimento e informação. Há o isolamento dentro da unidade, mas mantendo a rotina de vida.”

Sobre o quadro de saúde, ela garante que estão todos saudáveis. “No início tivemos dois episódios de gripe, mas que já foram superados. E definimos os protocolos especiais nessa época. Graças a Deus, até o momento, nenhuma intercorrência.”

Em relação aos dois centros de convivência para idosos fazerem atividades [externo], ela explica que estes foram fechados. “Os profissionais que trabalhavam lá foram com os nossos internos.”

Os servidores e idosos do Centro de Idosos Sagrada Família foram vacinados contra a influenza e sarampo na última semana.