Ação da PF que investiga uso de atestados falsos no INSS faz buscas em Goiás
Médico fraudava atestados médicos para que familiares e conhecidos recebessem auxilio-doença
A Polícia Federal investiga um grupo criminoso suspeito de usar atestados médicos falsos para receber auxílio-doença do INSS. Esse grupo tem ramificações com Goiás, um dos estados em que se cumpriram mandados de busca e apreensão, nesta quinta-feira (17). Ao todo, foram executados 22 mandados em Goiás, Distrito Federal, Alagoas e Bahia. O médico suspeito de assinar os atestados foi preso e teve bens bloqueados.
A investigação aponta que, entre 2018 e 2022, um médico perito federal e o ex-sócio dele inseriram falsos atestados médicos próprios, e de familiares, nos sistemas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) para receber recursos da previdência por incapacidade. Um ex-estagiário da agência do INSS do município de Taguatinga (DF) também pode estar envolvido no esquema.
A maioria dos benefícios recebidos de forma fraudulenta foi o de auxílio doença, que permitia afastamentos por mais de 15 dias consecutivos. De acordo com a apuração, o médico atendia os “pacientes” em horários fora da agenda para formular o laudo médico e emitir o atestado. Verificou-se que uma porcentagem significativa dos laudos apresentavam a mesma doença e haviam sido emitidos pelo mesmo médico e com poucos dias de diferença.
Mais de R$ 1 milhão bloqueados
Foi determinado o bloqueio de mais de R$ 1 milhão das contas do médico para ressarcir o prejuízo causado aos cofres públicos. Além da suspensão de suas funções como médico, o suspeito foi proibido de sair do país, deve usar tornozeleira eletrônica ou pagar multa de R$ 150 mil e teve os bens bloqueados.
Segundo a polícia, os membros da associação criminosa ainda receberiam mais R$ 593 mil de acordo com a data de cessação dos benefícios e a expectativa de vida dos segurados, calculado a partir das Tabelas de Mortalidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os benefícios já foram bloqueados para os suspeitos.
Denominada de Trickster, a operação contou a parceria da Coordenação-Geral de Inteligência Previdenciária e Trabalhista.
Os suspeitos, caso condenados, podem responder pelos crimes de associação criminosa, falsidade documental, uso de documento falso, inserção de dados falsos em sistemas de informação, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva
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