Ações levam oportunidade para dentro das prisões
Unidade Prisional de Orizona proporcionou Natal com filhos de custodiados do presídio
Natal é data para celebrar junto com a família. Com essa premissa a Unidade Prisional de Orizona, realizou na quinta-feira (27) uma festa com a participação de filhos dos internos. A ação contou com distribuição de brinquedos doados pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) e contou com um almoço de confraternização com os familiares dos internos.
A ação foi realizada por membros da Igreja de Cristo. A Pastoral Carcerária também montou um presépio na entrada da Unidade Prisional, com direito a benção aos detentos.
Seguindo a mesma lógica de inserção à sociedade, os internos do Presídio Masculino de Luziânia celebraram no mesmo dia o término de cursos profissionalizantes de pedreiro e de fabricação de blocos de concreto. Os detentos receberam os diplomas em uma solenidade, com direito ao protocolo cerimonial próprio de formaturas acadêmicas e becas.
Cursos
Os cursos foram ministrados dentro do próprio presídio. Iniciadas em novembro, as aulas foram dadas por professores do Senai e tiveram 160 horas de práticas e teorias. Os internos puderam, ainda, reformar os pátios de banho de sol, sala de visitação íntima, além de reforços da segurança das celas com a instalação de grades de contenção. “
Já a prática do curso de fabricação de blocos de concreto ocorreu na própria fábrica de artefatos, instalada dentro do presídio. A fábrica é fruto de um convênio entre a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), com investimentos de R$ 120 mil.
Reinserção
O advogado criminalista Gilles Gomes avalia que ações como essas mitigam o problema carcerário brasileiro por promover a diminuição de penas. No entanto, salienta que a reinserção é um tema que precisa passar pela revisão do encarceramento em massa no país. Ele afirma que a reinserção social não tem sido cumprida, justamente por as prisões reproduzirem a exclusão social.
“A nossa lei de execução penal é bastante avançada, mas é tratada como letra morta. As prisões brasileiras são um espaço que produz todo tipo de mazela. Jogamos eles em um lugar propício para ser cooptado por facções criminosas e, assim, a violência e a criminalidade se expandem já que são comandadas de dentro das prisões”, diz Gilles.
“Não há notícia de um preso hoje estudando medicina ou engenharia dentro das prisões. Reproduzimos a pobreza e, quando um preso sai, volta para um espaço sem saúde, educação e moradia dignos”, explica. Assim, para Gilles, as ações são positivas, mas é preciso muito mais para que se resolva o problema carcerário.