Acusado de roubar e matar idosa para pagar traficante é solto em Goiânia
E. C. S., acusado de matar Haydeé Oliveira da Silva Brito (59 anos) para pagar dívida…
E. C. S., acusado de matar Haydeé Oliveira da Silva Brito (59 anos) para pagar dívida de R$ 150 com um traficante, foi solto em Goiânia depois de seis meses preso. Segundo o juiz responsável pelo caso, o relaxamento da prisão aconteceu porque a instrução não terminou e não há perspectiva de conclusão. O acusado foi preso no dia 10 de fevereiro deste ano, em Rondon do Pará.
“Considerando que E. encontra-se preso há mais de seis meses e a instrução não terminou, sem perspectiva de se encerrar, sem que sua defesa tenha incorrido culpa por este atraso, relaxo a prisão preventiva de E. C. S. fixando, contudo, as seguintes cautelares diversas: a) manter o endereço atualizado perante o juízo; b) proibição de manter contato com F. B. N. e duas testemunhas L.S. e M.”, disse o juiz na decisão.
Camilla Alves, de 39 anos, filha de Haydeé, disse que se sente mal com a impunidade. Sente-se também injustiçada e com medo. “Eu sinto como se não houvesse Justiça. Desde que mataram minha mãe, eu tenho depressão e síndrome do pânico. Estou fazendo tratamento com psiquiatra e com psicólogo”, desabafa.
O Mais Goiás entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) para pedir um posicionamento sobre o caso. O tribunal informou que não comenta decisão dos magistrados.
Acusado de roubar e matar idosa para pagar dívida de R$ 150: O crime
Haydeé Oliveira da Silva Brito, de 59 anos, tratava de um câncer de mama quando foi assassinada. A filha dela disse ao Mais Goiás que, no dia da morte, a mãe estava animada, pois faria um tratamento dentário para celebrar aniversário de Camilla, em 13 de maio.
“Eu e minha filha, que mora nos Estados Unidos, falamos com ela por volta das 18h. Ela disse que ia tomar banho. Por volta das 21h, eu entrei em contato com ela novamente, mas ela não me atendeu. Acreditei que tinha dormido em razão dos fortes remédios que tomava para o tratamento do câncer e da fibromialgia”, lembra Camilla.
Naquela madrugada, a empresária relata ter sentido um mal-estar que a fez acordar por volta das 4h. O dia também teve uma rotina diferente. Ela, que costumava tomar café da manhã com a mãe, decidiu ir à academia para só então ir até a casa de Haydée.
“Eu cheguei no local e me deparei com uma lata de cerveja sobre a mesa da área. Já estranhei aquilo. Minha mãe não bebia. Empurrei a porta e vi que a televisão, que tínhamos acabado de comprar, não estava no lugar. Encontrei o corpo da minha mãe próximo do quarto. Fiquei desesperada e gritei por socorro”, conta, com a voz embargada.
A empresária revela, ainda, que poucos itens foram levados: apenas a televisão e um aparelho celular. Após a prisão dos suspeitos, a Polícia Civil adiantou que as pessoas que fizeram a receptação dos produtos também foram detidas.
Acusado de roubar e matar idosa para pagar dívida de R$ 150: Detalhes
Camilla conta que ficou frente a frente com os autores do assassinato da mãe e ambos relataram com riqueza de detalhes o que aconteceu. “Eles são cunhados. E. contou que F. empurrou a minha mãe no chão, que caiu e bateu a cabeça. Minha mãe disse para o E.: ‘leva tudo, mas não me mata, meu filho’. Ele apenas disse ‘já era’.
A morte aconteceu às 19h, mas os denunciados foram até a casa de Haydeé uma hora depois do crime para buscar a televisão roubada. “Eles foram junto com um traficante, que ameaçava F. por causa de R$ 150″, conta a filha da vítima.
Quando ela conversou com os dois denunciados, ela perguntou se a mãe estava agonizando, mas eles disseram que a senhora ‘já estava morta’. “Foram 11 facadas. No braço, na cabeça, no rosto e no coração dela. Minha mãe morreu por causa de R$ 150”, desabafa.
Acusado de roubar e matar idosa para pagar dívida de R$ 150: Soltura do outro acusado
Após um ano do assassinato de Haydeé, Camilla Alves descobriu que um dos denunciados de cometer o crime foi solto 15 dias depois de ser preso. À época, a informação da soltura foi confirmada pela Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP).
O crime aconteceu no dia 30 de abril de 2020. Entretanto, E. C. S, e F. B. N. foram detidos apenas 286 dias depois, em 10 de fevereiro deste ano, em Rondon do Pará.
Após ficar 15 dias preso, F. recebeu um alvará de soltura provisório, em 26 de fevereiro de 2021. Camilla descobriu nesta quinta-feira (29). “Um acusado não pode ficar impune, a minha dor não pode ficar impune”, desabafa nas redes sociais.
Algumas testemunhas que moram no Pará, Estado onde ele foi preso, disseram para Camilla que viram o denunciado andando nas ruas “como se nada tivesse acontecido”.