Acusados de matar advogados a tiros vão a júri popular
As quatro pessoas acusadas de envolvimento na morte dos advogados Frank Alessandro Carvalhaes de Assis…
As quatro pessoas acusadas de envolvimento na morte dos advogados Frank Alessandro Carvalhaes de Assis e Marcus Aprigio Chaves irão a júri popular. A decisão foi tomada no final da tarde desta quarta-feira (4) e ainda não há data estabelecida para o julgamento. Os advogados foram assassinados a tiros dentro do escritório de advocacia deles em outubro de 2020 no setor Aeroporto, em Goiânia.
Os acusados são, Pedro Henrique Martins Soares, apontado como executor do crime, Hélica Ribeiro Gomes, Cosme Lompa Tavares, que teriam agido como facilitadores, e Nei Casteli, acusado de ser o mandante.
Na decisão, o juiz responsável pelo caso, Eduardo Pio Mascarenhas da Silva manteve as prisões preventivas de Pedro Henrique, Cosme e Nei. Hélica responderá em liberdade pois, de acordo com o magistrado, ela não atrapalhou o andamento processual.
“Ainda persiste a necessidade de se resguardar a ordem pública, ante a gravidade concreta combinada ao modus operandi dos delitos, uma vez que há indícios de premeditação, unidade de desígnios e o laudo de local de morte violenta descreveu dinâmica delitiva grave”, disse o juiz.
O crime
Segundo a denúncia, os assassinatos foram encomendados por Nei Castelli porque às vítimas venceram uma disputa judicial de reintegração de posse proposta contra a família dele. Com a perda na Justiça, Nei ficou na incumbência de pagar R$ 4,6 milhões de honorários aos advogados.
Porém, o fazendeiro teria ficado inconformado com a condenação e, por interesse patrimoniais, decidiu matar Marcus e Frank como forma de retaliação. Por isso, ele teria contatado Cosme Lompa, para que este lhe ajudasse a contratar os executores.
Um deles é Pedro Henrique. Com ele, Cosme ajustou toda a dinâmica do crime e prestou auxílio antes das mortes – como a hospedagem dele em Goiânia – como todo apoio após os assassinatos. Hélica Ribeiro, namorada de Pedro, foi quem negociou o valor que seria pago ao namorado e a Jaberson Gomes – que morreu em confronto com policiais militares de Tocantins – pelas mortes das vítimas.
Execução
Segundo o MP-GO, Nei prometeu R$ 100 mil, caso a dupla saísse impune, e R$ 500 mil, caso os acusados fossem presos pelos homicídios. Com isso, Pedro Henrique e Jaberson agendaram uma reunião com Marcus Chaves utilizando um nome falso. Ao chegarem ao escritório, a dupla foi levada à sala de reunião e renderam o advogado. Sob mira de um revólver, ele foi obrigado a chamar Frank Alessandro até o local.
Para tentar despistar a causa da morte, os homens chegaram a perguntar às vítimas onde que estava dinheiro. Marcus chegou a dar R$ 2 mil para eles. Porém, Pedro Henrique atirou três vezes contra Marcus e uma vez contra Frank, que morreram na hora.
Ameaças a testemunhas
Uma das 11 testemunhas intimadas a prestar depoimento acusou Nei Castelli de tê-la ameaçado. A denúncia foi feita durante a audiência de instrução que aconteceu no dia 26 de junho.
Ao Mais Goiás, os assistentes de acusação, os advogados Tadeu Bastos e Luiz Alexandre Rassi, contaram que a testemunha é um fazendeiro, que era amigo das vítimas. Eles relatam que, durante a audiência, o homem, que não terá o nome revelado por questões de segurança, preferiu ser ouvido sem a presença do fazendeiro.
Na ocasião, ele relatou que, durante uma disputa judicial por terras envolvendo a família de Nei Castelli, também foi ameaçado. O fato ocorreu antes do assassinato dos advogados e a testemunha contou que o fazendeiro estaria procurando um pistoleiro para matá-la.
“Essa testemunha era amiga das vítimas e já tinha avisado para os advogados a respeito dessa ameaça que havia sofrido. Além dessa testemunha, outras pessoas também falaram que as vítimas relataram ter medo de Nei Castelli”, comentou o advogado Tadeu Bastos.