Adolescente com doença no fígado faz apelo para conseguir tratamento, em Aragoiânia
A adolescente Ana Clara Rodrigues Franco, de 16 anos, possui uma doença rara no fígado,…
A adolescente Ana Clara Rodrigues Franco, de 16 anos, possui uma doença rara no fígado, que a faz ter um problema popularmente chamado de ‘barriga gigante’. Por conta disso, a menina fez um apelo para conseguir uma cirurgia pela qual já aguarda 11 anos e pede ajuda financeira para comprar remédios, a fim de continuar o tratamento médico. Ana Clara mora com a mãe, em Aragoiânia.
A jovem recebeu um diagnóstico de cirrose hepática e Doença de Caroli quando tinha apenas 5 anos de idade. Segundo Ana Clara, a descoberta aconteceu no Hospital das Clínicas, em Goiânia, depois que começou a sentir dores e percebeu um inchaço na barriga.
“Tem dias que ela nem quer tomar os remédios. Diz que quer falecer, que não aguenta mais. Eu choro. Fico com raiva. Mas falo para ela que temos que confiar em Deus”, desabafou a mãe, Elisângela Inácio Franco.
Ana Clara afirma que sente muitas dores na barriga e, muita vezes, nem consegue se levantar da cama. Além de tudo isso, a adolescente ainda diz sentir vergonha da situação.
“Faço aulas online porque tenho vergonha de ir à escola e também porque sinto muitas dores. O povo só me chama de grávida. Quando eu saio, coloco blusa de frio, porque tenho vergonha demais”, desabafou.
Cirurgia
Segundo a adolescente, ela precisa de cirurgia porque um lado do fígado dela é “seco” e “não funciona”. O procedimento iria remover a parte afetada pela doença e transplantaria por um pedaço de órgão saudável, para que todo o fígado funcione normalmente.
O aumento da barriga causa outros problemas, como hérnias, que incomodam e oferecem ainda mais risco durante uma cirurgia. A mãe de Ana Clara, contou ao Mais Goiás que como o problema tem piorado gradativamente, a filha também tem apresentados dificuldades de caminhar.
Em uma nota enviada nesta quinta-feira (24), o Hospital das Clínicas informou que a paciente está sendo acompanhada pela equipe de gastropediatria e que todos os procedimentos clínicos necessários estão sendo realizados.
Já a Secretaria Estadual de Saúde disse que não existe nenhuma solicitação para a paciente no Complexo Regulador Estadual (CRE).
“Não foram identificados pedidos nos sistemas de procedimentos eletivos, de urgência e nem na de transplantes de Goiás”, informou a pasta.
Apesar da própria equipe médica indicar a cirurgia, em 2011, o hospital alegou que. apenas se for confirmada a necessidade de realização de transplante, a adolescente será encaminhada para uma Central de Transplantes (veja a íntegra no fim da reportagem).
Outras dificuldades
A mãe da Ana Clara está desempregada há mais de um ano. Ela explica que como a filha não tem apresentado melhora, ela não vê possibilidade de voltar a trabalhar tão cedo.
Como ninguém da família tem condições de trabalhar, a adolescente recebe auxílio doença de um salário mínimo. De acordo com a mãe, todo o dinheiro é usado para pagar as contas de água, luz e comprar o básico de alimentos, como arroz, feijão e um pouco de carne.
Mãe e filha vivem em uma casa simples e financiada. O dinheiro do auxílio doença ainda é usado para pagar a prestação.
Remédios
A prefeitura de Aragoiânia é responsável por fornecer os remédios que Ana Clara precisa tomar. Porém, há poucos meses dois deles pararam de ser fornecidos. (Foto abaixo).
A mãe da adolescente explica que os dois medicamentos custam juntos quase R$ 200. Os outros continuam sendo fornecidos pela prefeitura.
A reportagem enviou e-mails para a prefeitura, nesta quinta-feira, questionando o motivo da interrupação no fornecimento dos medicamentos e aguarda resposta.
Nota do Hospital das Clínicas
O Hospital das Clínicas da UFG/Ebserh informa que essa paciente está sendo acompanhada pela equipe de Gastropediatria e que todos os procedimentos clínicos necessários estão sendo realizados. Ela passou por consulta no HC no último dia 18/02 e está com consulta agendada para o dia 04/03/2022.
Informamos ainda que, em razão do Código de Ética Médica, e agora também por conta da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), o HC-UFG ou o médico não podem repassar informações sobre o diagnóstico e o tratamento indicado para o paciente.
Se confirmada a necessidade de realização de transplante, ela será encaminhada para uma Central de Transplantes, pois o HC-UFG não realiza transplantes nesse momento.