Liberdade de expressão

Advogada denuncia agressão de tenente da PM durante visita de Jair Bolsonaro à Goiânia

De acordo com a mulher, ela protestava contra o governo quando foi abordada pelo policial e agredida com socos e chutes. PM informa que inquérito foi aberto para averiguação dos fatos

Uma advogada que atua na área de Direitos Humanos denuncia que foi agredida por um tenente da Polícia Militar (PM) durante visita do presidente Jair Bolsonaro à Goiânia, nesta sexta-feira (30). Segundo Silvana Marta, ela protestava na porta do estacionamento em que saía várias autoridades quando ocorreu o caso.

De acordo com a advogada, ela dizia palavras de ordem a favor da comunidade LGBT, contra a privatização da Base de Alcântara (MA) e o decreto de armamento da população, quando foi barrada pelo tenente da PM. “Ele pediu para me retirar pois ali era área de segurança. Ai eu questionei o por quê que não poderia ficar ali, já que tinha outras pessoas no local. Nesse momento, ele já me desferiu diversos socos nas costas e nos braços”, destaca.

Silvana conta que as agressões só cessaram no momento em que ela gritou que era advogada. Segundo ela, não houve nenhum tipo de auxílio por parte do policial após a ação. “Nem mesmo as pessoas que estavam lá para acompanhar o presidente não se moveram para me ajudar. Pelo contrário, fizeram rir da situação e me deixando mais constrangida”, destaca.

A advogada acredita que, se não tivesse gritado, as agressões não teriam acabado e que a falta de empatia diante do direito de protestar foi que lhe deixou mais indignada. “O ódio está tomando conta desse país e as pessoas não estão tendo mais compaixão umas com as outras. Eu tinha condição de gritar e dizer que era advogada e as agressões só pararam por isso. E as pessoas que não são? Acabam sendo oprimidas pelas autoridades?”, questiona, emocionada.

A advogada foi na Corregedoria da Polícia Militar e, de lá, no Instituto Médico Legal (IML) para se submeter ao exame de corpo de delito. Procurada, a PM informou, por meio da assessoria, que um inquérito já foi aberto para averiguação dos fatos.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou, por nota, que vai tomar conhecimento do caso, mas que, de antemão, repudia qualquer tipo de agressão ao direito de livre expressão do indivíduo. Leia a nota completa abaixo.

A OAB-GO vai tomar pé da situação, mas de antemão já informa que é inaceitável e ilegal qualquer agressão ao direito de livre expressão do indivíduo, seja advogado ou de não. Defensora da Constituição e das leis, a OAB tem o dever de postar-se em defesa do cidadão e assim o fará em casos de arbítrio.