SUCESSO

Advogada quilombola goiana está entre as ’20 Mulheres de Sucesso’ da Forbes

A advogada quilombola Vercilene Francisco Dias, está entre as “20 Mulheres de Sucesso” do Brasil,…

A advogada quilombola Vercilene Francisco Dias, está entre as “20 Mulheres de Sucesso” do Brasil, em um ranking da revista Forbes. A lista é feita com nomes femininos que brilharam em diversas áreas de atuação: das finanças às artes, da ciência à moda. Vercilene, que é natural de Cavalcante, município localizado ao norte da Chapada dos Veadeiros, acredita que com mais esse reconhecimento, a batalha por direito das comunidades quilombolas ganha força.

“Além do reconhecimento individual, é um reconhecimento coletivo, não só do território kalunga ou das 58 comunidades quilombolas de Goiás, mas das mais das 6 mil comunidades quilombolas do país”, disse.

A advogada nasceu na comunidade Kalunga, o maior território quilombola do Brasil.

“Ela não defende apenas as terras de seus pais, mas também os direitos de toda a população quilombola. No ano passado, uma peça escrita por ela chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) e marcou mais uma vitória. Da infância no quilombo ao noticiário nacional, no entanto, foi um árduo caminho”, lê-se na matéria da Forbes.

(Foto: Reprodução Forbes)

Aos 6 anos de idade, Vercilene Dias saiu da casa dos pais para morar em outro território kalunga para poder estudar. Aos 11 foi para Cavalcante trabalhar como doméstica, em troca de casa e comida. Com 17 anos, entrou no curso de direito na Universidade Federal de Goiás (UFG).

“Na casa dos meus pais até hoje não tem energia, internet ou telefone. Recentemente, fiquei lá 14 dias sem qualquer meio de comunicação, ilhada, em decorrência das chuvas. A gente está falando da invisibilização de um povo que não está distante e que está próximo da capital do país”, diz a advogada.

Em 2019, Vercilene se tornou a primeira quilombola com mestrado em Direito no Brasil. Em sua dissertação, com o título “Terra versus Território: Uma Análise Jurídica dos Conflitos Agrários Internos na Comunidade Quilombola Kalunga de Goiás”, ela abordou a diferença na regularização fundiária na Comunidade Quilombola Kalunga do nordeste do estado.

Atualmente, a advogada é coordenadora do departamento jurídico da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).

“É uma luta pela política pública que é muito ausente nos territórios quilombolas. Se eu estou aqui, outras pessoas também podem estar. Que outras mulheres possam vir após mim. Tenho recebido muitas mensagens carinhosas de crianças quilombolas dizendo que querem ser igual a mim. Eu falo: ‘Não tem que ser igual a mim, vamos voar muito mais alto’”, disse.

*Com informações da Forbes