Advogado de assassino de gerente afirma que cliente foi espancado em Bela Vista; OAB apura
Rapaz, que confessou ter matado a namorada Fernanda Souza, disse ainda que estava sendo ameaçado de morte e que agentes penitenciários incentivavam agressões; DGAP nega
Antes de ter sido encontrado morto no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia neste sábado (22), o assassino confesso da gerente de supermercado Fernanda Souza, Alan Pereira dos Reis, alegou ter sido espancado no interior da Cadeia Pública de Bela Vista de Goiás, onde teria ainda recebido ameaças de morte. “Disseram que me matariam ainda hoje se eu falasse sobre a surra. Por baixo da roupa estou todo arrebentado”, alegou em bilhete. O relato foi feito ao advogado Pitter Johnson da Silva Campos, ainda na unidade prisional interiorana, no último dia 20/2, e subsidiou argumentos acatados pela Justiça para transferência do detido para o Complexo Prisional de Aparecida. Para o defensor, ainda não há elementos que vinculem as ameaças à morte do cliente. “Aguardamos o resultado das apurações”.
Segundo Pitter, durante a visita, era possível notar que o rapaz estava visivelmente machucado. “Ele solicitou ainda que nossa comunicação ocorresse por escrito, pois temia que nossa conversa reservada estivesse sendo monitorada. Ele relatou ter apanhado muito, além de ter sofrido ameaça de morte na cadeia de Bela Vista”. Ainda segundo relatos colhidos com o preso pelo advogado, agentes prisionais incitavam as agressões. Desta forma, a defesa, afirma Pitter, solicitou transferência, pedido que foi acatado pelo TJ, com a determinação de que fosse realizado um novo exame de corpo de delito no prisioneiro.
OAB
As iniciativas, embora preventivas revelaram-se incapazes de garantir a integridade física do investigado. A morte repentina de Alan chamou atenção da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogado do Brasil – Seção Goiás (CDH/OAB-GO), que baixou uma portaria para iniciar processo interno sobre o assunto na entidade e para oficiar órgãos da Segurança Pública e Administração Penitenciária a prestar atualizações sobre o andamento das investigações sobre o preso.
De acordo com o presidente da CDH, Roberto Serra da Silva Maia, embora a comissão trabalhe na realização de ações contra a violência, com foco nas vítimas, isso não impede que a instituição atue para garantir que “eventuais agressores, uma vez violentados ou mortos sob custódia do estado, tenham fatos apurados”.
DGAP
O titular da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária, coronel Wellington de Urzêda Mota se manifestou por meio de vídeo contra as alegações do advogado. Segundo ele, com a transferência, o Estado tomou providências para manter a segurança do preso, que foi mantido em cela individual, onde foi encontrado morto com uma corda artesanal no pescoço.
“Tudo indica que foi suicídio. Não aceito ilações levianas feitas para levantar dúvida sobre o caráter dos policiais penais, dizendo que os agentes incentivaram sua morte dentro da cela. Não trabalhamos com ilações e suposições. A Polícia Civil vai esclarecer, abrimos sindicância também para apuração dos fatos”, afirmou Urzêda, que critica atuação do advogado Pitter Johnson.
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