Advogado diz que presa vive “situação desagradável” após pedido de casamento do serial killer de Goiânia
Presa por assalto e condenada a 20 anos na ala feminina da Casa de Prisão…
Presa por assalto e condenada a 20 anos na ala feminina da Casa de Prisão Provisória (CPP), Jéssica Alves dos Santos, de 21 anos, se pronunciou, nesta quinta-feira (27), através de advogado contratado pela família sobre um pedido de licença para o casamento com Tiago Henrique Gomes da Rocha, 30, o serial killer de Goiânia.
Em entrevista ao Mais Goiás, o advogado Edemundo Dias, que representa Jéssica Alves, desmentiu as informações de que ela se comunicava com Tiago por cartas. No entanto, a Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) afirmou que os dois trocavam correspondências.
“A família nos procurou porque ela sofreu represálias dentro do presídio. Na verdade, nosso escritório nem queria entrar nesse caso, que mais parece uma novela mexicana, mas diante de uma pessoa que está com a integridade física em risco, temos o dever de esclarecer. Ainda que ela tenha ou não respondido as cartas, isso não nos diz respeito, o que interessa é que ela assinou uma declaração dizendo não ter respondido as cartas dele e deixando claro que essa questão tornou o convívio desagradável dentro do presídio”, disse Edemundo Dias.
Segundo Dias, o advogado Murilo Vinhal Rodrigues, sócio do escritório, foi até a unidade prisional e pegou a assinatura de Jéssica na declaração redigida numa página de papel timbrada do escritório Edemundo Dias Advogados Associados datada de quarta-feira (26). O advogado encaminhou ao MAIS GOIÁS uma fotografia do que seria a declaração, com uma rasura no endereço da presa.
O advogado Edemundo Dias contou que Tiago Henrique Gomes da Rocha viu Jéssica pela TV. Isso aconteceu depois de um desfile de detentas dentro do presídio ser exibido por uma emissora de TV que fez uma reportagem no local. “Ele mandou várias cartas a ela, mas ela declarou no documento que nunca respondeu”, diz.
Fontes ligadas à Administração Penitenciária de Goiás informaram à reportagem que logo após a divulgação da informação de que houve a negativa pela DGAP para o casamento entre ela e o serial killer assassino de mulheres e moradores de rua, Jéssica teria recebido ameaças de outras presas.
Na terça-feira o Mais Goiás publicou com exclusividade que Jéssica era a mulher com quem o serial killer Tiago Henrique Gomes da Rocha havia pedido para a DGAP autorização para se casar, mesmo estando preso. A DGAP confirmou à reportagem o pedido e o nome dos envolvidos, comunicando que “os dois, em hipótese alguma, tiveram contato físico, a menos por troca de cartas”. O pedido foi feito pela advogada Luciana Almeida Martins.
A defensora, que afirma ter procuração do serial killer, confirmou à reportagem ser a autora do pedido, e reafirmou que os dois nunca haviam se visto, mas apenas “trocado cartas”.
TIAGO
O assassino em série foi preso no dia 7 de agosto de 2014, depois de reportagens na imprensa revelarem a existência de uma investigação policial que caçava o homem que matava mulheres e moradores de rua em Goiânia. Na época, autoridades negaram a existência de um maníaco assassino, mas depois assumiram que as negativas aos questionamentos eram para não criar pavor na sociedade.
Em 32 dos assassinatos o homem recebeu sentença por homicídio. Em dois processos o acusado foi absolvido e em um, foi condenado duas vezes pela justiça porque a primeira sentença foi anulada por haver erros processuais. Veja as condenações de Tiago que, somadas, chegam a 684 anos e 10 meses.
JÉSSICA
Jéssica Alves dos Santos, 21, tem 20 anos de condenação por roubo e dois processos judiciais em segredo de justiça. Com passagens por roubo, latrocínio, associação criminosa e 21 anos de idade, ela cumpre pena na ala feminina da Casa de Prisão Provisória (CPP).
Jéssica se apresentou em dezembro de 2017 à Polícia Civil de Aparecida de Goiânia e assumiu participação no latrocínio do motorista de aplicativo Lindimar Ferreira Santos, de 28 anos. O crime aconteceu no dia 1º de dezembro, na porta de uma agência bancária do Jardim Monte Cristo. O homem foi morto a facadas. Outras três pessoas foram presas acusadas de participação. À época o delegado Divino Batista dos Santos, que chefiava a investigação no 3º Distrito Policial e divulgou a foto dela, disse que Jéssica ficou no carro da vítima enquanto os comparsas executaram o homem. Todos fugiram juntos, após o crime, segundo o delegado. Ainda não há decisão judicial neste processo, que corre em sigilo.