Advogado do Comando Vermelho e assistente de juiz são presos em Goiânia
Eles são acusados de integrarem a facção, de lavagem de dinheiro, de sumir com autos e de negociar informações sigilosas do judiciário
O advogado Emerson Thadeu Vita Ferreira e o assistente de juiz Carlos Eduardo Moraes Nunes foram presos em Goiânia a pedido da justiça. Eles são suspeitos de integrarem organização criminosa ligada ao tráfico de drogas. A investigação foi conduzida pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco).
As investigações apontam também que Emerson é suspeito de sumir com autos em trâmite do poder judiciário. Um desses autos estava, inclusive, no gabinete de uma desembargadora. Além disso, ele teria participado da morte de líderes de uma facção criminosa rival e é suspeito também de lavagem de dinheiro.
Já Carlos Eduardo é acusado de repassar informações sigilosas de processos contra líderes do Comando Vermelho (CV) em troca de dinheiro. A conexão entre os dois suspeitos foi descoberta depois que a Polícia Civil apreendeu o celular de Emerson e localizou as conversas entre eles.
Intimidade com o crime
As investigações mostram que o advogado tem estreitas relações com um dos líderes do CV em Goiás, André Luiz de Oliveira Lima, vulgo Andrezinho. Era costume do suspeito se referir a André como “papai”. O líder da facção foi preso em 2017 em Santa Catarina junto com a mulher em um carro avaliado em R$ 600 mil.
A juíza responsável pelo caso, Placidina Pires, afirmou que a prisão temporária de Emerson é necessária porque os indícios mostram que “a atuação do advogado ultrapassa, em muito, o dever funcional e que ele tem se utilizado da atividade profissional, função essencial à justiça, para atuar na estrutura da organização criminosa”.
Placidina afirmou também que o assistente Carlos Eduardo “aproveitou da confiança que gozava e das informações privilegiadas que possuía, por ocupar o cargo comissionado de assessor de juiz de direito, para favorecer o grupo criminoso, em troca de vantagem econômica”.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), não há nenhum indício de que o juiz assessorado por Carlos Eduardo esteja envolvido nos supostos crimes.