Denúncia

Agente revela possibilidade de haver “novo Carandiru” no presídio de Anápolis

Diariamente, são apenas 8 agentes penitenciários para garantir a segurança em presídio com 800 detentos. Falta iluminação noturna, segurança nas guaritas, munição e coletes balísticos

Após tumulto ocorrido no final de semana, o clima continua tenso na Unidade Prisional de Anápolis. Medo e insegurança reinam no presídio, segundo denúncia anônima que partiu de um dos agentes prisionais. Instalações precárias e falta de estrutura para conter presos em caso de tumulto ou rebelião são o prenúncio de uma tragédia, “um segundo Carandiru”.

Segundo o agente José*, os 800 presos são mantidos na instituição sob a mira de armas letais, uma vez que equipamentos como balas de borracha, e gás lacrimogênio, utilizados para controlar situações de riscos estão em falta.

Apenas oito agentes plantonistas – um para cada 100 detentos – fazem a segurança diária da prisão. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, o ideal seria um agente para cada cinco presos. Além disso, o trabalho no presídio apresenta outros obstáculos. “Quase não temos iluminação à noite. Nas guaritas, ficamos de costas para a rua sem nenhuma proteção, já que temos apenas dois coletes balísticos e um fica permanentemente com o diretor. Na semana passada, dois disparos foram feitos contra uma das guaritas. Trabalhamos com medo”.

Marcas de disparo na guarita da UP de Anápolis (foto: reprodução)

Ainda, no pátio para banho de sol, apenas um alambrado separava presos de agentes. “Aquela tela de galinheiro foi arrancada, destruída, na confusão do final de semana, para contê-los, só com a ameaça de armas letais. Caso haja de fato uma rebelião, não podemos deixar que eles nos peguem como reféns; será um segundo Carandiru. Muitas mortes ocorrerão”.

Segundo José, os presos ficam praticamente amontoados nas celas de cerca de 6m². “Temos celas dessas com mais de 20 detentos. O ‘corro’, cela onde ficam presos que acabaram de chegar à unidade, frequentemente tem mais de 30 pessoas. Apenas mulheres e estupradores ficam separados. O restante fica misturado, inclusive membros de facções como PCC e Comando Vermelho”.

A reportagem do MAIS GOIÁS tentou contato telefônico com o diretor da unidade Waney, que não quis revelar o sobrenome, mas ele afirmou não ter autorização para conceder entrevista.

NOTA-DGAP

A propósito de denúncia anônima de agente penitenciário, que alega falta de material e condições de trabalho, a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) esclarece que o novo órgão foi criado há pouco mais de 15 dias e que está envidando todos os esforços para resolver os problemas inerentes ao sistema prisional.

Recentemente foram convocados 1.600 vigilantes penitenciários temporários, sendo que parte já iniciou o treinamento e outros estão no período de entrega de documentos. A Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan) está preparando, também, novo edital para concurso de novos agentes de segurança penitenciária.

Informa que, recentemente, foram entregues armas não letais, além de armas e equipamentos de proteção individual, e que uma nova remessa desses produtos está em fase final de aquisição.

Em 2018, devem ser inaugurados cinco novos presídios que devem gerar 1.588 novas vagas.

O Sistema Penitenciário goiano está saindo de uma crise, que foi devida e prontamente contida pelas forças de Segurança do Estado. A DGAP, com apoio dos demais órgãos de segurança continuam de prontidão e atentos a manutenção da lei e da ordem no Sistema Prisional Goiano.

Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP)