Agentes de órgão de Proteção à Criança são presos por corrupção em Formosa
Quatro agentes do Departamento de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Formosa, a…
Quatro agentes do Departamento de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Formosa, a 280 quilômetros de Goiânia, estão presos desde o dia 9 deste mês acusados de corrupção passiva. A organização criminosa atua desde 2016. Foram denunciados o diretor da unidade, Deyvson Batista Queiroz (conhecido como Zero Um); o agente voluntário de proteção da criança e do adolescente, Barzilai de Oliveira Júnior, Zero Dois; José Sebastião Muniz da Silva, o Tiãozin, que se passava por agente voluntário; e Alexandre dos Santos Teixeira, Bombado, ex-agente voluntário.
Segundo a Polícia Civil (PC), os acusados não fazem parte dos quadros do Poder Judiciário, embora tenham sido nomeados por um juiz. Os individuos também não são policiais. A afirmação é do delegado José Antônio Machado Sena, que preside as investigações. “Eles não integram o Poder Judiciário, embora tenham a atribuição de fiscalizar a entrada e permanência de crianças e adolescentes em locais inadequados e impróprios para menores”, frisou.
Na investigação conduzida por Sena e acompanhada pela promotora Fernanda Balbinot, foi apurado que “valendo-se da condição de funcionários públicos, eles praticavam corrupção passiva e deixavam de exercer seu ofício: fiscalizar a presença de menores em festas destinadas ao público adulto e a venda de bebida alcoólica e drogas a estes”, sublinha José na denúncia. A defesa dos acusados pediu a revogação da prisão.
“A revogação foi negada e o próximo passo é o prazo para a defesa apresentar resposta a essa acusação. Com o juiz analisando a apresentação da defesa, será marcada a audiência para ouvir os réus, lavrando a sentença”, afirma o delegado. Os envolvidos negaram fazer parte da organização criminosa, mas “a investigação deixou clara a participação de todos, e eles seguem detidos. O Ministério Público pediu o afastamento dos denunciados e bloqueio de bens no valor de R$ 50 mil”, conclui.
A organização
Os agentes cobravam de donos de boates de Formosa, uma propina mensal entre R$ 1 mil e R$ 5 mil, além de valores para a prestação de serviço de segurança. O grupo lucrava com a cobrança, alegando que a DPCA não faria uma fiscalização mais criteriosa nos locais.
Deyvson marcava reuniões com os donos de boates e comparecia acompanhado dos demais integrantes do grupo, todos armados. Nesse contexto, explicava aos empresários o histórico de multas aplicadas pelo DPCA e a necessidade de obtenção de alvará judicial para a realização de eventos. Após isso, pedia valores para que o órgão não fiscalizasse os estabelecimentos, requisitando a contratação do serviço de segurança prestado por eles, com valores mais altos que os de mercado.
Os pagamentos era feitos em espécie e Deyvson ficava incumbido de evitar que equipes do departamento se dirigissem às boates em questão. O grupo fazia a segurança dos eventos, permitindo a entrada de crianças e adolescentes, que ficavam livres para consumir bebidas e drogas. Em caso de recusa do pagamento para a organização criminosa, os estabelecimentos e eventos eram inspecionados.
Apreensão
Na residência de José Sebastião, os policiais civis encontraram duas munições intactas, uma imitação de arma de fogo, uma peça de farda e uma camiseta da PM. As munições encontradas eram do mesmo calibre da arma de uso restrito, ostentada por eles nas reuniões com os donos de boate.
O Mais Goiás tentou contato com o DPCA de Formosa, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.