Agentes de saúde acusam prefeitura de Goiânia de recusar até álcool em gel
Agentes comunitários de saúde – que visitam até 25 residências em um dia – afirmam…
Agentes comunitários de saúde – que visitam até 25 residências em um dia – afirmam que a prefeitura de Goiânia não provê equipamentos de segurança individual para que eles se protejam do coronavírus no exercício de suas atividades. A categoria afirma que a Secretária de Saúde não disponibilizou, até hoje, uma máscara sequer para eles. “Nem álcool temos o direito de pegar”, diz Evanicléia Ferreira da Silva, lotada no Recanto das Minas Gerais.
“Não tivemos capacitação e as orientações que sabemos são as que vimos nos meios de comunicação. EPIs… Não temos. Para pegar máscara na unidade, tem que assinar um papel com data e quantidade. Álcool, não temos o direito de pegar. Somente usamos quando estamos na unidade”, diz Evanicléia.
Há cerca de 1,1 mil agentes comunitários de saúde em Goiânia. O trabalho deles é visitar domicílios, detectar pessoas com problemas de saúde ainda não tratados, requerer a visita das equipes de saúde da família ou encaminhá-los ao pronto-socorro. Também vistoriam cartões de vacina de crianças e prestam orientação.
“Estou com medo. Muito medo. Pavor é a palavra exata”, afirma Jane Maria de Jesus, agente comunitária de saúde que trabalha na região Oeste. “Eu e mais 12 colegas estamos na linha de frente sem receber um EPI sequer. Estamos tendo que gastar nosso próprio dinheiro”.
Os agentes recebem produtividade, ou seja: servidor que afastar-se do trabalho por receio de se contaminar com o coronavírus enfrentará dificuldades para pagar as contas no final do mês – ainda que a prefeitura não forneça os equipamentos de proteção. Os que continuam a cumprir a rotina de trabalho dizem que, além de não ter EPIs, a prefeitura também descumpre lei federal que obriga o pagamento de 40% de adicional de insalubridade enquanto durar a pandemia.
“Linha de frente”
Aliandro Paula de Jesus, funcionário da prefeitura desde 2013, lotado no Centro de Saúde da Familia Cachoeira Dourada, no Jardim Guanabara, afirma que a prefeitura obriga-os a trabalhar na linha de frente do combate ao coronavírus e ao H1N1 – organizando, por exemplo, filas de vacinação – mesmo sem se responsabilizar pela segurança dos funcionários.
Aliandro afirma que ele e seus colegas estão se virando por como podem. “Muitos tiveram que comprar os próprios equipamentos de proteção individual (EPIs), porque ninguém pode parar de trabalhar. A gente não sabe se hoje vai visitar uma pessoa contaminada ou não, que está de quarentena ou não”, afirma Aliandro.
“A gente sequer consegue conversar com a secretária de Saúde, Fátima Mrué, sobre este assunto”, afirma Aliandro”.
Ministério Público
A vereadora Sabrina Garcêz pediu ao Ministério Público, na manhã desta terça-feira, que investigue a denúncia de que a prefeitura de Goiânia não tem disponibilizado equipamentos de proteção individual contra o coronavírus para servidores da Comurg, da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), para agentes comunitários de saúde e para agentes de endemias.
A vereadora afirma que a reclamação foi feita a ela pelos próprios servidores que se sentem prejudicados. “Estão todos trabalhando normalmente, em contato com pessoas em toda a cidade. Eles enfrentam um cenário de sofrimento e riscos devido à falta de equipamentos adequados para preservação da segurança”, afirma Sabrina.
Resposta da prefeitura
A Secretaria Municipal de Saúde informa que não há falta de EPIs e todos são distribuídos seguindo protocolos de segurança do Ministério da Saúde (MS) e Organização Mundial de Saúde (OMS). Desde o início da pandemia, além da distribuição equipamentos individuais, foram tomadas outras medidas para que o funcionários das unidades de saúde possam trabalhar com mais segurança.
– Kits de Equipamentos de Segurança Individual (EPIs): No início de cada plantão nas unidades de saúde do município todos os profissionais de saúde recebem um Kit de EPIs. A entrega é feita mediante a assinatura do profissional. Os Kits são montados de acordo com a atividade do profissional. Alguns itens como máscaras e luvas são comuns a todos, outros como capote, óculos e avental depende da função do plantonista.
– Protetores faciais: Mais de 10 mil protetores faciais de acrílico já foram distribuídos pra todos os servidores que possuem contato com pacientes.
– Vidro de proteção: Em todas as unidades de emergência estão sendo colocadas barreiras de vidro temperado 6mm nas recepções. Com a barreira, instalada sobre o balcão de atendimento, tanto a pessoa que está na recepção, quanto os pacientes ficam mais protegidos do contágio do novo coronavírus.
– A atenção primária realizou várias capacitações para médicos e enfermeiros, e esses foram os multiplicadores dessas informações para todos os integrantes de sua equipe. Devemos ressaltar, que os ACS fazem parte de uma equipe Saúde da Família e o seu supervisor direto é o profissional enfermeiro, que tem como atribuição capacitar os Acs bem como auxiliares e técnicos de enfermagem. Diariamente, juntamente com as equipes dos distritos e equipes de Fast Track toda a equipe recebe orientações relacionadas ao Covid -19. Em relação à insalubridade de 40%, quem recebe são profissionais que lidam com radiografias os demais recebem 20% de insalubridade.
– Quanto ao álcool gel, todas as unidades de saúde possuem dispensadores de álcool gel, não só p os trabalhadores bem como para todos os usuários.