Investigação

Aldeia do Vale entrega informações sobre caso de racismo à polícia

Os advogados informaram que o autor da injúria racial não é morador e nem visitante do condomínio

Os advogados do condomínio de luxo Aldeia do Vale, em Goiânia, entregaram na delegacia, na manhã desta quarta-feira (28), as informações que a Polícia Civil havia solicitado no âmbito da investigação do caso de racismo contra um motoboy. À polícia, os advogados informaram que o autor da injúria racial não é morador e nem visitante do condomínio e que o endereço do indivíduo, que havia sido informado no caso, não é um endereço válido do Aldeia do Vale.

As informações foram entregues pela advogada Letícia Brandão, da assessoria jurídica do Aldeia do Vale, na Delegacia Estadual de Crimes Cibernéticos (Dercc) em resposta a um ofício expedido ontem (27) pela delegacia.

À polícia, a advogada afirmou que o “suposto autor do crime de injúria racial não é morador do residencial, visitante ou frequentador daquele condomínio” e que o “nome da pessoa suspeita, identificado pela Dercc não está dentro do cadastro de moradores, visitantes, prestadores de serviço ou frequentadores do condomínio, bem como o CPF informado pela Delegacia de Polícia”.

Ainda de acordo com o jurídico do condomínio, o residencial se colocou à disposição para entregar imagens das câmeras de segurança da portaria durante o período que foi cometido o crime, e também as gravações realizadas entre portaria e morador, no sentido de autorizar que terceiros entrem no condomínio.

Por fim, a advogada alegou que um crime de ódio como a injúria racial “está gerando outro crime de ódio“, uma vez que a exposição do nome do Aldeia do Vale tem gerado, conforme ela, “manifestações de ódio e apologia à violência” contra os moradores do residencial.

Relembre o caso

No último domingo, dia 25 de outubro, o entregador de aplicativo Elson Oliveira Santos, de 39 anos, foi vítima de racismo enquanto fazia entregas para uma hamburgueria de Goiânia. A cliente do estabelecimento se recusou a ser atendida por Elson, exclusivamente pelo fato de ele ser negro. “Esse preto não vai entrar no meu condomínio”, “Mandar outro motoboy que seja branco“, “Eu não vou permitir esse macaco“, disse a cliente no aplicativo iFood, à gerente da hamburgueria.

Ao tomar conhecimento do caso, o iFood  baniu o perfil do cliente responsável pelas mensagens racistas e declarou, ainda, que está em contato com o entregador para oferecer apoio psicológico. “Em casos de racismo, é importante que seja feito um boletim de ocorrência (BO), além do contato com o Ifood pelos canais oficiais de atendimento”, esclareceu a empresa.

A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar o caso.