Aldeia do Vale nega que suspeita de racismo seja moradora do condomínio
Administração diz que recebeu da polícia os dados do cliente responsável pelas mensagens racistas endereçadas a motoboy. Administração afirma que moradores "sofreram julgamento coletivo"
Em nota divulgada na última terça-feira (27), o condomínio Aldeia do Vale negou que a pessoa responsável por mensagens racistas enviadas contra o entregador Elson Oliveira Santos, 39, trabalhador de um hamburgueria de Goiânia, seja moradora do local. O caso aconteceu na noite do último domingo (25).
De acordo com o condomínio, “a administração recebeu da Delegacia Estadual de Crimes Cibernéticos (DERCC) os dados do cliente que cometeu o crime de racismo e, imediatamente, verificou que ela não é moradora do local”.
“A elucidação aconteceu após um dia tenso para os moradores que acabaram sofrendo um julgamento coletivo em razão da repercussão da denúncia feita pela hamburgueria nas redes sociais acerca da atitude da cliente, que afirmou ser moradora do condomínio e pedir para lá fazer a entrega. O aplicativo de entrega de comida permite que o solicitante esteja em local diferente do endereço da entrega”, lê-se na nota.
Em conversa com o Mais Goiás, Sérgio Cecílio, responsável pela comunicação do Aldeia do Vale, disse que a pessoa responsável pelas mensagens nunca entrou no local “nem como prestadora de serviços e muito menos como visitante”.
No Instagram, o condomínio publicou uma nota de repúdio lamentando o episódio. “Nos opomos a todo tipo de preconceitos e destacamos que nossos colaboradores são extremamente qualificados para a prestação de serviços a toda sociedade e sua ampla diversidade de pessoas”, diz o comunicado.
Em outra publicação, a administração do condomínio afirma que tudo não passou de um trote racista, criminoso e inescrupuloso. “Há na sociedade uma negação do racismo, quando este, ainda é tão presente. Mais do que simplesmente não ser racista, é preciso ser antirracista. Usar o seu lugar de fala para questionar, confrontar e erradicar as estruturas racistas”.
Em coletiva que será realizada pela Polícia Civil (PC) na manhã desta quarta-feira (28), a delegada Sabrina Lelis trará atualizações sobre o caso.
O caso
No último domingo (25) a cliente de uma hamburgueria localizada no Setor Goiânia 2, se recusou a ser atendida por um entregador, enviando mensagens de cunho racista para o restaurante. “Esse preto não vai entrar no meu condomínio”, “Mandar outro motoboy que seja branco“, “Eu não vou permitir esse macaco“, lê-se.
O Ifood, empresa de entrega de comida pela internet, baniu o perfil do cliente responsável pelas mensagens racistas após o caso ganhar repercussão. O Ifood afirmou, ainda, que está em contato com o entregador para oferecer apoio psicológico. “Em casos de racismo, é importante que seja feito um boletim de ocorrência (BO), além do contato com o Ifood pelos canais oficiais de atendimento”, esclarece a empresa.
Na última terça-feira (27) um grupo de entregadores e populares realizaram uma manifestação na entrada do condomínio. Segundo Sérgio Cecílio, não justifica a sociedade ficar contra os moradores do Aldeia do Vale. “Mesmo que fosse um morador daqui, seria um fato isolado e a pessoa responderia na Justiça”, diz.
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