Além de delegacia para crimes raciais e de intolerância, governo terá cursos para policiais
Geacri será também uma escola-modelo para formação de policiais
O governador Ronaldo Caiado (DEM) anunciou nesta segunda (16) a criação de um Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri) e avisou que ainda hoje chega à Assembleia Legislativa projeto de lei que transforma o Geacri em delegacia especializada.
A unidade reúne, no mesmo local, investigações relacionadas a discriminação contra as populações vulneráveis. Uma delas é a agressão de um policial militar a um homossexual, fato ocorrido na semana passada em Goiânia.
O Geacri será também uma espécie de escola modelo. Os novos delegados terão que passar por lá e os demais farão uma reciclagem. A estratégia define uma política de atendimento da Polícia Civil voltada para a diversidade.
“[É para] cada policial que passe por um ato de reciclagem perceba a importância do tema e a obrigação de se colocar diante dele como um defensor de direitos humanos. Essa é obrigação da Polícia Civil do Estado de Goiás, e hoje ela deixa isso muito mais claro do que já havia deixado na medida em que interagia em cada violência que lhe era comunicada”, pontuou Alexandre Lourenço.
Atuação da delegacia para crimes raciais e de intolerância
O governo diz que o novo grupo atuará no âmbito criminal, na conscientização da população e no resgate da cidadania das vítimas de racismo, discriminação e intolerância, seja ela por cor, etnia, religião, condição, orientação sexual ou identidade de gênero. Para atender as vítimas de violência, os policiais foram treinados na Escola Superior da Polícia Civil (ESPC) para a demanda específica desses casos.
O grupo foi instalado em um prédio anexo à Escola Superior. De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Alexandre Lourenço, o local foi escolhido para intensificar o compromisso da Segurança Pública de Goiás em promover uma formação com foco no reconhecimento das diferenças. O Geacri será chefiado pelo delegado Joaquim Adorno.
Caiado diz que a iniciativa terá efeito punitivo e educativo. “Servirá também para educar nossas crianças para que as próximas gerações não sofram a influência que sofreram aqueles que hoje ainda fazem esse tipo de prática”.
Segundo números divulgados no 15º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), no último dia 15 de julho, houve aumento de 29,8% nos crimes de racismo no país no ano passado, em comparação com 2019. O documento também registra crescimento, em escala nacional, das ocorrências de prática de crimes contra a população LGBTQIA+ e de estupro de, respectivamente, 24,7% e 20,9%.