Algemas usadas por médico que acorrentou funcionário negro são apreendidas na Cidade de Goiás
Rapaz que aparece preso disse, em depoimento, que não ficou constrangido e que tudo foi uma brincadeira
As algemas usadas por um médico que acorrentou um funcionário negro e disse que o levaria para sua senzala foram apreendidas pelas Polícia Civil na sexta-feira (25). Os dois sujeitos envolvidos no caso residem na Cidade de Goiás e alegam que o episódio, registrado em vídeo pelo próprio médico, não passou de uma brincadeira.
As algemas usadas no vídeo são denominadas de grilhões e costumam ser afivelados no tornozelo para restringir passos e impedir fugas. Foram entregues na Delegacia do Grupo Especializado no atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri) pelo advogado do médico.
Médico publicou vídeo onde funcionário negro aparece acorrentado
O médico é investigado por constrangimento ilegal e injuria racial após filmar o funcionário negro acorrentado nos pés e algemado, em situação análoga a escravidão. No vídeo, o homem diz “Falei para estudar, mas não quer. Então vai ficar na minha senzala”.
Os dois envolvidos prestaram depoimento na delegacia para esclarecer os fatos. O rapaz que aparece preso disse que não ficou constrangido e alegou que tudo “não possou de uma brincadeira”. Afirmou que trabalha na fazenda do médio, local onde foi feita a filmagem, há três meses e nunca sofreu qualquer tipo de violência.
Médico poderá ser indiciado por incitar discriminação racial
O delegado Joaquim Adorno explica que o inquérito policial será concluído nos próximos dias e o médico poderá responder por induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Se condenado, ele poderá cumprir pena de dois a cinco anos de reclusão, além de multa.
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