TRISTEZA

“Alma de luz roubada da gente”, diz irmã de mulher que morreu após procedimento estético

"A Dani era uma menina feliz, cheia de vida, que ia todos os dias a pé para o trabalho para fazer exercício. Amava cachoeira, ir para Pirenópolis, sair com os amigos"

Ana Elisa Coelho, irmã de Danielle Mendes Xavier de Brito Monteiro, que morreu no domingo (1º), um dia após realizar um procedimento estético em Goiânia, disse ao Mais Goiás que ela “era uma alma de luz, que foi roubada da gente”. A família vive o luto, neste momento.

Danielle morreu horas depois de passar por um procedimento estético em uma clínica no Parque Lozandes. A responsável pelo local foi presa na terça-feira (3) e teve a prisão mantida pela Justiça após audiência de custódia.

Conforme Ana Elisa, a irmã não precisava de procedimentos estéticos, mas talvez quisesse ficar “um pouco mais bonita”. “Ela estava em busca de qualidade, porque é uma profissional de saúde, assim como eu e meu marido”, relatou ao dizer que a clínica apresentava “ótimo currículo” e passava confiança.

Ela conta que a irmã agendou, às 9h de sábado (30), uma harmonização orofacial, que é uma técnica que visa melhorar a estética e a função da boca. No mesmo dia, Ana Elisa recebeu a ligação do Samu informando que a irmã era levada para o hospital.

Inclusive, ao chegar no hospital ela encontrou a dono da clínica. A empresária disse que a irmã teria passado por um teste de alergia, após relatar que era asmática. Foi então que começou a passar mal. Ela teve uma parada cardiorrespiratória na clínica, sendo reanimada pelo Samu, intubando-a e levando para ser internada no Hospital de Urgências de Goiás (Hugo). “Ela já chegou com indício de morte encefálica.” No dia seguinte (domingo), a família foi chamada para receber a notícia do falecimento.

Logo em seguida, Ana Elisa foi até a delegacia para fazer o boletim de ocorrência. “A Dani era uma menina feliz, cheia de vida, que ia todos os dias a pé para o trabalho para fazer exercício. Amava cachoeira, ir para Pirenópolis, sair com os amigos. Não bebia, não fumava, não usava drogas. Tinha muitos amigos e muitas plantas. Muitos animais de estimação, pois resgatava, dava lar temporário, que virava lar permanente. Uma alma de luz que foi roubada da gente”, lamentou.

Caso

Os agentes da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) identificaram a clínica após receberem a denúncia de que uma paciente que havia sido submetida a um procedimento no sábado (30) e morreu no dia seguinte, em uma clínica de Goiânia. Segundo a delegada Débora Melo, logo após ser convencida a realizar um procedimento estético, a servidora pública teve uma forte reação alérgica e uma parada cardíaca.

“O que descobrimos é que a vítima tinha ido ao local conhecer, mas foi convencida pelas atendentes a realizar um procedimento, que começou às 11h do sábado. Imediatamente após receber a aplicação de um ácido, ela teve uma alergia, um choque anafilático e uma parada cardíaca, ocasião em que a pessoa que realizou o procedimento tentou reanimá-la. Como não possuía um desfibrilador no local, ela chegou a fazer uma traqueostomia. O Samu foi acionado, levou a paciente a um hospital, mas no dia seguinte ela teve a morte cerebral constatada”, descreveu.

Conforme as autoridades, a mulher recebeu uma aplicação de hialuronidase. Trata-se de um tipo de enzima, produzida de forma manipulada. Ele serve para corrigir procedimentos feitos com ácido hialurônico. A clínica foi interditada.

A delegada disse que o fechamento ocorreu por irregularidades, como medicamentos vencidos, anestésicos de uso hospitalar, itens cirúrgicos sem esterilização, materiais limpos misturados com materiais sujos e mais. Ainda conforme a autoridade, a empresária também não poderia realizar aqueles procedimentos.

Defesa

Os advogados da responsável pela clínica, José Patrício Júnior e Antônio Celedonio Neto, emitiram uma nota em que classificam a prisão de Quésia Rodrigues Biangulo como “irregular”. “É necessário dizer que deve-se observar, antes de qualquer pré-julgamento, que as informações encontram-se distorcidas com o único fim de manter uma prisão irregular e sem fundamento para tal.”

Eles afirmam, ainda, que a profissional em todo tempo colaborou com as investigações, além de prestar auxílio a paciente e à família. Também de acordo com eles, Quésia é uma profissional devidamente qualificada e habilitada para realizar a atividade que desenvolve em sua clínica, possuindo formação acadêmica em biomedicina e enfermagem.

“Diferente do noticiado pela Autoridade Policial, a Clínica no período em que realizou todos os atendimentos em suas clientes estava devidamente regular, possuindo autorização de funcionamento, bem como alvará da vigilância sanitária.” Acerca dos medicamentos utilizados, o texto esclarece que todos possuem autorização para serem comercializados.