Após dois meses de ‘namoro’, idosos se casam em abrigo de Aparecida e ganham cama nova
Organização da festa teve doações da comunidade, empresários, funcionários do abrigo e de alunos do curso de psicologia
Antônio Abadia Mendonça, de 81 anos, e Geralda Rosa, de 87, celebraram seu amor em uma cerimônia de casamento no abrigo Comendador Walmor, localizado no Jardim Riviera, em Aparecida de Goiânia. O casamento foi realizado na última sexta-feira (22) e contou com a participação de amigos e familiares do casal.
O idoso chegou no abrigo em 2014 com a esposa, que faleceu um ano depois. O casal não teve filhos. Dona Geralda foi para o local há quatro meses, após ser transferida de uma instituição que havia fechado. Desde então, seu Antônio começou a se aproximar dela, embora no início a idosa não demonstrasse muito interesse por um relacionamento, como relata a fisioterapeuta do abrigo, Gleiciane Silva.
“Ele passou a sentar próximo dela, na mesma mesa. Passou a pegar água para ela, ter uma atenção maior, ser carinhoso. Ele tem andador que usa para caminhar e ela também, mesmo com toda dificuldade ele pegava o andador dele, pegava a garrafinha dela e ia lá no bebedouro para encher a garrafinha de água. Eu acho que isso foi conquistando ela”, afirma a especialista que foi convidada para ser madrinha de casamento.
Após cerca de dois meses de convivência, um boato começou a circular entre os funcionários do abrigo: seu Antônio e dona Geralda estavam namorando. A revelação veio diretamente deles, que pediram a Gleiciane para comprar uma aliança para o casamento que desejavam realizar. Com o consentimento das famílias dos noivos, foi dada a luz verde para a celebração.
“Segundo o seu Antônio, foi a dona Geralda que pediu ele em casamento, mas ela fala que é mentira dele, que quem pediu foi ele”, brinca.
Preparativos para o casamento
A organização da festa contou com a ajuda de doações da comunidade e de alunos do curso de psicologia da faculdade Unifam, que realizava um projeto no abrigo. O vestido da noiva foi doado por uma Organização Não Governamental (ONG), enquanto o terno foi oferecido por uma empresária que atua na região da 44.
Além disso, um bolo de 7 kg, maquiagem e decorações foram providenciadas por amigos e colaboradores do abrigo. Uma cama de casal também foi presenteada aos recém-casados, já que no abrigo havia somente camas de solteiro.
A ansiedade tomou conta dos noivos nos dias que antecederam a cerimônia. Dona Geralda confessou não ter conseguido dormir na véspera do casamento devido à expectativa, além da preocupação com a estética e com a diferença de idade entre eles.
“Uns dias antes do casamento, ela disse que estava preocupada porque ela é mais velha do que ele e preocupada com a vida sexual dele. Eu pedi para Abner (estudante de psicologia) conversar com o seu Antônio para falar sobre sexualidade e tudo, e eu conversei com a dona Geralda também. Inclusive me pediram para comprar um lubrificante”, contou Gleiciane.
O grande dia
Na data do casamento, o abrigo se transformou para a celebração com direito a padrinhos e madrinhas, entrada de noivos, cerimonial feito por um pastor e música animada.
“A dona Geralda se sentiu muito realizada, ela ficou muito emocionada, porque ela não tem o costume de receber visita dos parentes e a família dela foi. As irmãs, sobrinhas… Então, assim, esse momento foi o que mais emocionou”, disse a fisioterapeuta.
Quem acompanhou a história do casal relata que o amor entre seu Antônio e dona Geralda é um lembrete de que nunca é tarde para encontrar companheirismo e felicidade.