SUPERAÇÃO

Homem encontra cachorro e ganha dois x-bacon como recompensa em Anápolis

Dono de pit dog começou a vender lanche para complementar renda de auxílio acidente que o deixou 14 dias em coma e desenganado pela medicina

Spike convive com a família há mais de 10 anos e fugiu após família se descuidar com portão aberto (Foto: Arquivo pessoal)

Cícero Rodrigues, de 35 anos, a mulher dele, Dhenne Fernandes, de 32, e os dois filhos do casal, de 9 e 10 anos, mobilizaram o bairro onde moram em Anápolis nesse final de semana à procura de Spike, cachorro que convive com a família há mais de 10 anos. O animal fugiu na noite de sábado (16) após um descuido com o portão aberto. Nos grupos de mensagens do Setor Summerville, o anúncio da recompensa para quem trouxesse Spike de volta chamou atenção: dois x-bacon à moda e dois litrão de refrigerante.

Conhecido no bairro como Cissão, Cícero contou ao Mais Anápolis que a ideia da recompensa foi por conta da quantidade de crianças no bairro, que poderiam se unir para procurar o cachorro em troca do lanche. “O Spike é bem dócil, acompanha qualquer um”, disse. Na tentativa de ajudar, uma vizinha olhou pelas imagens das câmeras de segurança e viu quando Spike caminhou em direção a um homem que passou pela rua às 5 da manhã de domingo (17).

Ao saber, Cissão começou a procurar pelo animalzinho com uma coleira na mão. “Por sorte, vi um rapaz que parecia ser o das filmagens. Quando ele me viu, logo perguntou se eu estava procurando por um cachorro. Foi um alívio para minha mulher e para minhas crianças porque a gente pega amor”, contou aliviado. Quem devolveu Spike à família foi a filha do vendedor Ademar Olímpio Nunes, de 52 anos. “Domingo à noite mesmo ela pegou a recompensa e gostou muito”, contou. Enquanto o pet não voltou para casa, Sabrina quem fez companhia para Spike, cachorrinha que convive com a família de Ademar há mais de cinco anos.

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Ademar Olímpio Nunes e a cachorrinha Sabrina ao fundo (Foto: Weber Witt)

Cissão começou a vender lanche após se recuperar de acidente que o deixou em coma por mais 10 dias

Em abril de 2018, Cícero sofreu um acidente de moto no JK Nova Capital, em Anápolis, a caminho do trabalho. Ele não se lembra como aconteceu, a mulher dele, Dhenne Fernandes, conta que o laudo da polícia afirma que ele se desequilibrou e caiu. “Ele ficou 14 dias em coma, teve amnésia e perda de massa encefálica, precisou passar por quatro cirurgias”, recorda.

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Cícero Rodrigues meses após o acidente (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Cícero ainda não conseguiu agradecer a pessoa que acionou o socorro. Ele soube apenas que o homem é um português e mora próximo ao local do acidente. “Fui atrás de câmera, de pessoas que talvez tenham visto e não encontrei nada”, conta.  Mesmo desenganado pela medicina, Cícero se recuperou e começou a vender lanches na rua onde mora para complementar a renda do auxílio acidente, benefício que recebe até hoje do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), único ganho fixo que sustenta a família.

Dhenne não pode trabalhar fora porque cuida das crianças e do marido, que precisa tomar doses de anticonvulsivos e ansiolíticos quatro vezes ao dia. “Não sei o que eu faço porque tenho que cuidar dos nossos filhos, levar e buscar da escola que é longe de casa. Às vezes ele tem crise convulsiva por causa do acidente”, conta.

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Dhenne, Cícero e os dois filhos, de 9 e 10 anos em frente ao pit dog da família (Foto: Weber Witt)

Apesar das dificuldades, Cícero recorda que todos os utensílios utilizados hoje na produção dos lanches foram doados durante a recuperação por um homem que conheceu na igreja, que veio para Anápolis de Cascavel, município no Paraná. “Ele me deu um trailer, chapa, freezer, conjunto de cadeiras, embalagens de sanduiches, tudo completo. Meu coração até acelerou, eu não tinha nem 1 real para comprar”, conta. Com a chuva do último sábado, o vento destruiu a única tenda do comerciante. “Era simples, mas quebrava uma galhão. Mas estamos aí para continuar vencendo dia após dia”, diz.