Pagamento por aproximação oferece risco ao consumidor, diz especialista
Limite de pagamento por aproximação é de R$ 200; modalidade aumentou 330% no primeiro semestre do ano passado
Um dos meios de transmissão de doenças, como a Covid-19, é o contato. Com a pandemia, novos hábitos foram adotados para evitar o contágio do coronavírus. O pagamento por aproximação, por exemplo, oferece praticidade e prevenção à doença. Porém, a tecnologia pode trazer riscos ao consumidor, que pode ser alvo de golpes.
Antes da pandemia, a estudante Emmanuelle Verano, de 19 anos, efetuava pagamentos somente após inserir o cartão na maquininha e digitar a senha. “Hoje em dia me parece que se tornou obsoleto. Pela praticidade e para evitar o contágio e transmissão da doença, acabou que me acostumei a não pegar na maquininha”, conta.
Para evitar cair em golpes, a estudante segue três passos. “Fico atenta no valor que aparece na maquininha, vejo se a tela do aparelho está funcionando. E claro, acompanho tudo no aplicativo do banco”, afirma. Apesar dos cuidados, Emmanuelle já teve problemas com tecnologia.
Um aplicativo renovou um plano automaticamente sem a autorização da estudante. “Foi trabalhoso cancelar. Tive que remover os dados e cancelar a conta. Ajustei o limite do cartão para que não cobrassem nada”, conta.
“Passei na aproximação para ver se estava funcionando. Porém estava seguro”
Na internet, um teste de segurança viralizou. “Lucas que perdeu o cartão no centro, passei só 3 latão [de cerveja] na aproximação para ver se estava funcionando. Mas está seguro”, diz a mensagem. Segundo relatório da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o pagamento por aproximação aumentou 330% no primeiro semestre de 2020 em comparação ao mesmo período em 2019.
O advogado especializado em Direito Digital e Proteção de Dados Alex Fernando explica que o NFC (Near Field Communication) é a tecnologia responsável pelo pagamento por proximidade. Segundo ele, o limite de pagamento pelo meio é de R$ 200, porém o consumidor pode reduzir nas configurações do aplicativo do banco.
Em caso de golpes, Alex explica que operadoras de cartão costumam fornecer seguro contra furto, porém para casos específicos. “O descuido pode ser visto como mal uso, e a operadora se negar a pagar. Porém, a Justiça entende que a responsabilidade da operadora é objetiva. Ou seja, é obrigada a ressarcir o consumidor em caso de prejuízo ou falha na prestação do serviço”, afirma. Isso por caber à operadora garantir a segurança do dispositivo, segundo ele.
Em caso de perda, o bloqueio do cartão deve ser feito imediatamente. “Uma vez que apenas com o número, data de vencimento e código de segurança é possível fazer compras na internet”, alerta. A função de proximidade requer cuidado e atenção. “Um golpista com a máquina de cartão no bolso pode se aproximar da vítima com o cartão no bolso ou bolsa e a cobrança ser feita”, afirma.
Uma alternativa segura, de acordo com o advogado especializado em Direito Digital, é utilizar um aplicativo específico de carteira digital disponível para smartphone. “Com isso, será usado a autenticação do celular, seja por meio de senha ou biometria”, recomenda.