DIÁLOGO

Psicóloga dá dicas de como lidar com birras no Dia das Crianças

Especialista explica ao Mais Goiás como os pais podem evitar frustração de crianças que não receberão o presente desejado

Em Anápolis, boneca e bola lideram variação de preço em 31 itens analisados; produtos que menos apresentaram alteração de valor foram os jogos (Foto: Jornal do Comércio)

Até determinada fase da vida, frustração é sinônimo de birra. E, para que o Dia das Crianças não seja frustrante para os pequenos que eventualmente não ganharem o presente que gostariam, a psicóloga e especialista em Psicodiagnóstico Infantil Ana Gateno orienta os pais a dialogar com os filhos e conscientizá-los de que não se deve praticar o consumismo nessa data.

Outra dica, segundo ela, é clássica: pesquisar preços. Em Anápolis, o Procon encontrou variação de até 200% em um mesmo produto. Entre os 31 itens analisados, boneca e bola lideram a variação de preço em sete estabelecimentos comerciais visitados. Os produtos que menos apresentaram alteração de valor foram os jogos, com diferença de 26%.

“Para não ficar refém das birras e dos preços dos brinquedos, muitos pais preferem não levar as crianças no dia de escolher o presente. Mas, é importante dialogar, entender a criança e conscientizar de que o dia da criança é um dia para ela e não para o consumo. Outra opção é conversar sobre outras possibilidades de presente”, orienta a psicóloga.

Segundo Ana Gateno, os pequenos entendem o poder do diálogo. Mas, para ser efetivo, deve ser frequente na vida da família. Deve-se também apostar na sinceridade. “Não precisa fazer joguinhos. Muitas vezes, a própria criança apresenta uma solução no diálogo. Geralmente, os pais têm dificuldade em ouvir, sentar frente a frente, olhar nos olhos ou até mesmo ficar longe dos aparelhos eletrônicos que tanto nos roubam no dia a dia”, afirma.

Birra, o terror de todo adulto: “não é um acontecimento isolado ou falta de pulso dos pais”

De acordo com a psicóloga, a explosão emocional é um acontecimento natural e pertinente ao desenvolvimento da criança. “Lidar com a birra tem mais a ver com a nossa forma de controlar a nós mesmos. Reagir com gritaria ou pressão não adianta”, diz. A profissional acrescenta que a reação não é um acontecimento isolado ou falta de pulso dos pais. “É uma forma de comunicação das necessidades da criança”, afirma.

Cabe aos pais, segundo Ana Gateno, mostrar que o descontentamento é algo normal, mas que há formas de se resolver. “É a ação dos pais que vai mostrar para a criança como entender e reagir nesses momentos. Então, é manter a calma, o tom de voz e mostrar-se empático. Aproximar-se e falar com firmeza, mas sem perder a postura”, orienta.

Outra dica é ficar atentos à frequência e o contexto em que as birras acontecem. “É importante saber se é apenas uma fase, natural do desenvolvimento, ou se há algo mais. Tudo vai depender da dinâmica familiar. Birra é uma situação desagradável, não importa o tempo que dure, pode ser sanada se houver paciência”, afirma.

Para a profissional, o Dia 12 de Outubro deve ser resignificado, a começar pela consciência dos adultos. “Embora seja um dia em que os lojistas utilizem mais para as vendas, o encantamento do dia está em viver esse dia ao lado do seu pequeno. É um dia para memorar o afeto entre pais e filhos. Presente é quando há presença. Presente é um quê a mais, mas não deve ser o foco do dia”, diz a psicóloga.