Retrospectiva

Ano se encerra sem previsão de abertura do Parque Mutirama

Parque está interditado desde julho, quando um acidente em um brinquedo deixou 11 pessoas feridas

O ano de 2017 se encerra sem previsão de abertura do Parque Mutirama, em Goiânia. O Parque está interditado desde julho, quando um acidente em um brinquedo deixou 11 pessoas feridas. A decisão foi tomada pelo prefeito Iris Rezende e anunciada em coletiva de imprensa.

O acidente aconteceu por volta das 13h30 do dia 26 de julho, após uma pane no brinquedo Twister. As onze vítimas foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), passaram por exames e foram avaliados pela equipe multiprofissional da emergência do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).

Vítimas

Duas vítimas tiveram ferimentos graves. L.G.S, de 9 anos, recebeu alta hospitalar no fim dia 4 de agosto. A menina estava internada no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) desde o dia do acidente. Ela teve um trauma abdominal, com lesões no fígado e no rim direito e que ocasionaram sangramento e hematoma.

Já Iraci Francisca da Conceição, de 56 anos, recebeu alta médica do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) no dia 2 de outubro. Ela também estava internada na unidade desde o dia do acidente. Segundo a assessoria do hospital, Iraci passou por duas cirurgias na perna direita, uma para correção da fratura de fêmur e outra para reconstrução muscular. Em seguida, ela foi submetida a procedimento cirúrgico para reparo de fratura no tornozelo esquerdo. No dia 26 de setembro, a paciente passou pela quarta cirurgia, desta vez de enxerto na perna esquerda.

As outras vítimas foram levadas para o Centro de Referência em Ortopedia e Fisioterapia (Crof). Porém, de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Goiânia (SMS), os pacientes receberam os primeiros atendimentos e foram transferidos para outros hospitais da Capital.

Investigações

O 1º Distrito Policial, por meio do delegado Izaias Pinheiro, foi responsável pela investigação do acidente. O delegado afirmou que o brinquedo Twister já estava quebrado antes de o acidente. De acordo com ele, pelo menos 85% do material estava desgastado.

Com as investigações, foi apurado que o responsável, há quatro meses, pela manutenção do brinquedo Twister, do Parque Mutirama, não tinha treinamento para prestar o serviço e trabalhava originalmente na limpeza do local.

De acordo com o delegado, o presidente da Agência Municipal de Turismo Eventos e Lazer (Agetul), Alexandre Silva de Magalhães, informou que o Twister foi instalado no Mutirama em 1989 e já havia sido descartado. Quando o parque passou por reforma, em 2012, houve uma licitação e o brinquedo foi reformado e voltou a ser utilizado normalmente.

Apesar da reforma, o eixo central do Twister, peça que apresentou problemas e pode ter causado o acidente, já estava desgastado e impróprio para uso. É possível, segundo informações do delegado, que essa parte do brinquedo não tenha sido trocada em 2012.

O equipamento foi levado para perícia no dia 31 de julho. No dia 26 de setembro a conclusão do laudo foi apresentado à imprensa. De acordo com o gerente do Instituto de Criminalística da Polícia Científica de Goiás, Rodrigo de Medeiros, em 2011 uma perícia mostrou que o eixo do Twister já não estava com força total e não poderia estar funcionando sem manutenção.

Além do Twister, outros seis brinquedos passaram por perícia. A hipótese de que o Cine Mutirama, o Mini Splash, a Casa Mal-Assombrada, a Torre, a Barca e os trilhos do Trem estavam comprometidos surgiu durante as investigações do acidente.

Histórico

Em vistoria realizada no início deste ano pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) no Parque Mutirama foi constatada a inexistência de profissional da engenharia responsável pela manutenção dos equipamentos eletromecânicos. De acordo com o Crea-GO, na oportunidade, a Agetul foi notificada para apresentar ao conselho o novo responsável técnico pelos brinquedos do parque.

O presidente da Agetul, Alexandre Magalhães, defendeu em entrevista coletiva concedida no dia 27 de julho, os procedimentos de checagem dos brinquedos do Parque Mutirama que, segundo ele, são executados da mesma forma há 15 anos. Apesar disso, ele afirmou que serão feitas mudanças para evitar novos acidentes.

Alexandre também rebateu a informação do Crea-GO de que não haveria um profissional de engenharia responsável pela manutenção dos equipamentos eletromecânicos. Ele explicou que  o engenheiro responsável pelo parque há 15 anos só não tem registro no Crea. Porém, ele não soube explicar o porquê desse registro ainda não ter sido feito.

Ministério Público

No dia seguinte ao acidente, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), por meio da promotora de Justiça Leila Maria de Oliveira, informou que iria apurar possível ato de omissão dos gestores e técnicos responsáveis pelo Parque Mutirama, o que implicaria ato de improbidade.

Na época, Leila disse ainda que solicitaria a realização de perícia técnica no brinquedo para saber a causa do acidente. A promotora adiantou que ia requerer a análise quanto à manutenção dos brinquedos, a ser produzida pela Prefeitura de Goiânia. Ela garantiu que ficou acordado com o prefeito Iris Rezende que o parque somente será reaberto quando houver todas as condições de segurança para os frequentadores.

Expectativas

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul), informou ao Mais Goiás que a licitação para contratar a empresa que fará a manutenção dos brinquedos está em fase final. A empresa deve ser anunciada no primeiro trimestre de 2018. A Agetul explicou ainda que só após a checagem de todos os brinquedos é que será possível prever quando o parque poderá ser reaberto.

Com relação a punição de possíveis responsáveis, a Prefeitura de Goiânia aguarda a conclusão do inquérito policial. Segundo o titular do 1 º Distrito Policial de Goiânia, delegado Izaías Pinheiro, o inquérito foi encaminhado ao poder judiciário.

 

Juliana França é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lôbo