Apenas atendimentos emergenciais estão garantidos na paralisação do Hugo
Presidente da Simego informa que uma nova assembleia deve acontecer na próxima segunda-feira
Os médicos do Hospital de Urgências de Goiás (Hugo) realizam, nesta quinta-feira (28), uma paralisação. A ação é organizada pelo Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) e é motivada, de acordo com a entidade, pela ausência de negociações com a administração pública estadual e com o Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS). A OS assume a administração do Hugo no próximo sábado (30), às 19h.
Outro fator motivador é o anúncio da Secretaria de Estado da Saúde (SES) em transferir 276 servidores efetivos para outras unidades. Francine Leão, presidente do Simego, afirma que a orientação é que fique garantido o atendimento emergencial nessas 48h de mobilização. Na segunda-feira (2), uma nova assembleia deve ocorrer.
Pela manhã, o presidente do Instituto Haver – Organização Social (OS) que administra o hospital até dia 30 –, Yuri Vasconcelos Pinheiro, apesar do ato, disse que a situação é de atendimento pleno, bem como a de recursos. “Tanto humano quanto de insumos. Qualquer pessoa que chegar hoje no Hugo será atendida plenamente”, disse.
Empurra, empurra
O Instituto Haver foi procurado pelo Mais Goiás para emitir uma nota, mas informou que não se pronuncia mais sobre essa paralisação. Acerca dos procedimentos cancelados temporariamente e número de médicos na unidade nesta quinta, a OS informou que a comunicação do Hugo seria a responsável pelos dados. Apesar disso, a assessoria disse que somente as cirurgias eletivas estariam paralisadas.
Já a assessoria de comunicação do Hugo, por sua vez, informou que tem orientado os veículos de comunicação a buscar o Simego e o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) para esses informes. O Cremego disse que o Simego é quem teria a informação. O conselho também não se posicionou.
Simego
Francine Leão, médica da família e presidente do Simego, informou que a orientação do sindicato é que o corpo presente no hospital deve avaliar o que for emergencial. “Os procedimentos eletivos estão em segundo plano. Os emergenciais garantimos atendimento.”
Ainda segundo a médica, no Hugo existem cerca de 50 residentes, 150 celetistas e 148 estatutários – os contratados como pessoa jurídica ela diz não ter os dados. “Todos os médicos devem aderir à paralisação. A não adesão infringe o Código de Ética.”
A paralisação de 48h teve início às 00h do dia 28. E vai até às 00h do dia 29. Francine afirma que, na segunda-feira (2), deve ser chamada uma nova assembleia. “Não fomos ouvidos pela SES e nem pelo INTS. Não sabemos o que será deflagrado.”
Reivindicações
A presidente do Simego explica que a categoria possui algumas reivindicações. São elas: manter vínculo por CLT e garantir os valores de contrato, sem redução salarial. Mas, segundo Francine, “minimamente, que ocorra uma reunião para formalizar a exigência da categoria e estabelecer uma agenda em conjunto”.
Francine afirma que o Simego não aceitará estatutários sendo colocados à disposição. “A mão de obra que está no Hugo [concursados] tem pelo menos dez anos de serviço. O último concurso foi em 2009. Medicina é estar no front atuando e conhecer o serviço é vital para a população”, justificou.
SES
A SES enviou uma nota ao Mais Goiás. Segundo a pasta, “é natural que durante um período de transição existam ruídos, entretanto, a SES-GO trabalha, diuturnamente, para que em nenhum momento, durante a fase de saída do Instituto Haver (atual gestora) e a chegada do INTS, a população atendida no HUGO fique sem assistência”.
De acordo com a secretaria, o INTS assume, a partir das 19h do dia 30, com uma equipe composta por profissionais contratados, servidores estaduais e empresas prestadoras de serviços, totalizando cerca de 1.700 profissionais. “Assim, a nova OS chega ao hospital com cerca de 70% dos profissionais que atualmente trabalham na unidade.”
Sobre os salários adotados pela nova OS para os celetistas, a Secretaria informa que os pagamentos devem seguir os valores de mercado, respeitando as convenções coletivas de cada categoria profissional. “Em relação aos servidores efetivos lotados no HUGO, a pasta informa que alguns serão remanejados para exercerem suas funções em outras unidades para suprir, de acordo com a necessidade, o déficit de pessoal. A medida visa atender o interesse público e a necessária reorganização administrativa da Secretaria.”
“Por fim, a A SES-GO respeita a livre manifestação e opinião do SindSaúde, Simego e dos trabalhadores do Hugo, mas informa que todas as medidas administrativas estão sendo tomadas para que não ocorra nenhuma descontinuidade dos serviços prestados na unidade e que os direitos trabalhistas sejam respeitados.”
O Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS) também foi procurado. A assessoria declarou que esse assunto cabe apenas ao Instituo Haver, “não nos sendo destinada qualquer manifestação sobre o caso”.