Apesar da demora, Justiça será feita, diz assistente de acusação no caso de estudante morto há 11 anos em Anápolis
"É um julgamento um pouco complexo, que tem um clamor da sociedade e que tem um direito, não de vingança, mas de fazer a Justiça que a família dele deseja"
Com colaboração de Alexandre Bittencourt
O julgamento do acusado pela morte do estudante de Odontologia Jehan José de Paiva, em 2013 durante uma festa universitária, ocorrerá no Fórum João Barbosa das Neves, em Anápolis, às 8h desta segunda-feira (8). Advogado assistente de acusação, Eduvirgem Aranha afirma que, por mais que tenha demorado, a Justiça será feita.
“É um julgamento um pouco complexo, que tem um clamor da sociedade e que tem um direito, não de vingança, mas de fazer a Justiça que a família dele deseja”, argumenta. Essa é a segunda vez que o júri será aberto. A primeira tentativa aconteceu no dia 8 de novembro de 2023, mas fracassou porque tanto o advogado do réu, quanto a representante do Ministério Público se ausentaram.
O advogado apresentou atestado médico e a promotora alegou que tinha que comparecer a outra sessão no mesmo horário, que exigia “atuação prioritária”. Para Eduvirgem, por mais que tenha demorado, o julgamento vai ocorrer. “Creio que o advogado não faltará, pois já não tem argumento. Também creio que o réu não faltará”, estima. E emenda: “Qualquer uma desses incidentes que acontecerem, o julgamento se realizará. Não há nenhum motivo para procrastinar novamente.”
Caso
Quem vai se sentar no banco dos réus é o médico veterinário Paulo Victor Sousa Gomes, que aguarda a sentença em liberdade. Jehan foi morto por absolutamente nada, conforme o Ministério Público: ele era o organizador de uma festa realizada pela turma do 8º período de Odontologia da Unievangélica em uma chácara situada na BR-414, a poucos quilômetros da Base Aérea.
Conforme relata o MP na peça de acusação, em um certo momento o chopp acabou e, quando voltou a ser servido, por volta das 16h, formou-se uma fila em frente ao local em que a bebida estava. Um garoto chamado Pedro tentou pegar chopp pela lateral do balcão, enfiando o copo na frente do denunciado. Foi quando a confusão começou.
Paulo Victor, segundo a denúncia, segurou Pedro pelo colarinho e disse: ‘tá furando fila, rapaz’. Jehan se aproximou do local e pediu para se acalmarem. Paulo teria retrucado, nervoso: “Ah, não briga não?”, fazendo movimento como se fosse dar um murro na vítima. Os dois começaram a brigar. Socos, murros e empurrões. Pessoas que estavam na festa os separaram. Pouco depois, a briga recomeçou. Paulo Victor pegou um canivete e acertou o tórax da vítima. O golpe atingiu-lhe o coração pela lateral.
De acordo com uma das oito testemunhas ouvidas ao longo da instrução do processo, Paulo Victor correu para o estacionamento e tentou entrar no carro, mas foi impedido por participantes da festa. Ele correu, então, em outra direção, para a BR, e entrou na carroceria de um carro menor, que o levou embora. Jehan foi levado para o Hospital de Urgências de Anápolis (Huana), mas não resistiu. Morreu em decorrência de um choque hipovolêmico, causado por traumatismo torácico, no mesmo dia 7 de junho, por volta das 18h30.
Ao ser interrogado, o réu alegou legítima defesa.
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