Motivo fútil

Após 3 anos, acusados de matar Gabriel Caldeira são levados a júri popular

Trio acusado de assassinar a tiros o estudante de administração, Gabriel Caldeira, 19,  é levado…

Trio acusado de assassinar a tiros o estudante de administração, Gabriel Caldeira, 19,  é levado a Júri Popular após três anos e quatro meses da morte do rapaz. Crime ocorreu em 2016. Murillo Eduardo Conceição dos Santos, de 24 anos; e os irmãos Bruno Dias Stival e Arthur Dias Stival, de 22 e 26 anos, respondem pelo crime de homicídio qualificado. A sessão teve início às 8h30, no Fórum Criminal de Goiânia e é presidida pelo juiz Lourival Machado da Costa, da 2ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida.

Segundo o advogado assistente de acusação, Thomaz Ricardo Rangel, o júri também ouviu a ex-namorada de Arthur, identificada apenas como Marcella. Na época a jovem era menor de idade e estava dentro do carro com os acusados. “Ela admite que passou a bolsa para o Murilo, atirador, que estava no banco de trás. A arma era de Murilo, porém, por uma dívida, estava em poder de Arthur há dias”, explica Rangel.

O Mais Goiás tentou, sem sucesso, contatar os advogados de defesa dos acusados.

Murillo Eduardo Conceição dos Santos, de 24 anos; e os irmãos Bruno Dias Stival e Arthur Dias Stival, de 22 e 26 anos (Foto: Mais Goiás)
Murillo Eduardo Conceição dos Santos, de 24 anos; e os irmãos Bruno Dias Stival e Arthur Dias Stival, de 22 e 26 anos (Foto: Mais Goiás)

Motivo fútil

Gabriel Caldeira de Souza tinha 19 anos quando foi morto. O jovem era estudante de Administração e, na noite de 3 de abril de 2016 , havia ido a um bar do Setor Marista na companhia de amigos de faculdade. Ao sair do estabelecimento, foi morto a tiros por um homem que seguia em um Toyta Corolla.

No data do crime, o Mais Goiás falou com um amigo da vítima, que não quis se identificar. O rapaz estava presente no momento do crime e relatou o ocorrido. Gabriel estava com os amigos na frente do bar quando passou o veículo com várias pessoas dentro. 

“Eles passaram encarando todo mundo. Passou por ele bem devagar, ele perguntou ‘o que que foi?’. O cara tirou o revólver e deu três tiros. Um pegou nele na bacia, na virilha”, conta.

O Samu foi acionado e uma ambulância chegou em 20 minutos. No entanto, o estudante já havia perdido muito sangue e chegou ao hospital convulsionando. Ele foi encaminhado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), mas não resistiu aos ferimentos e faleceu na manhã seguinte.

Ainda conforme o amigo de Gabriel, não havia qualquer motivação para o crime. “Eu tenho certeza que ele não tinha briga nenhuma. Eu era muito próximo dele. Morreu de graça”, lamentou.

De acordo com a delegada responsável pelas investigações, Ana Cláudia Stoffel, os três passaram de carro ao lado de um grupo de amigos onde estava Gabriel. Não teriam gostado da forma como foram encarados. Bruno instigou Arthur, que dirigia o veículo, para voltar ao local. Bruno teria perguntado: “O que você está olhando?”. “Olhando o que? O que eu te fiz?”, teria respondido Gabriel. E então a arma foi repassada a Murillo, que efetuou dois disparos. 

O trio estava acompanhado de duas adolescentes e todos teriam evadido do local dando risadas após realizar os disparos. Sobre as adolescentes, na época, a delegada afirmou que seria analisada a participação de cada uma no homicídio.

Investigações

O crime foi desvendado praticamente em tempo recorde: quatro dias após o homicídio a polícia já havia prendido os suspeitos. Ainda de acordo com a delegada Ana Cláudia, responsável pelas investigações, não houve motivação para o crime. “Foi banal, sem motivação. Apenas um desentendimento, uma provocação e, logo após, houve o disparo de arma de fogo”, afirmou na época.

Ana Cláudia Stoffel explicou, ainda, que a força-tarefa das equipes da Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH) culminou em análise de mais de 10 horas de filmagens e que o esforço de todos os policiais possibilitou chegar aos autores em um curto prazo

Murillo foi preso na GO-070, na saída para Inhumas, enquanto voltava de Mato Grosso. Já Bruno e Arthur foram presos na casa de uma tia, em Goiânia, onde também estava o veículo que eles utilizaram no dia do crime, um Toyota Corolla, e a arma do crime, um revólver calibre 38. Tanto o automóvel quanto a arma também foram expostos durante a apresentação dos acusados.

(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

Contudo, poucos dias depois, a Justiça decidiu que eles poderiam responder ao processo em liberdade e foram soltos. Logo após a soltura, porém, foi decretada a prisão dos irmãos, em razão de terem assaltado uma farmácia cerca de um mês antes do mencionado homicídio.

A segunda detenção dos de Arthur e Bruno ocorreu em 28 de junho de 2016. Os irmãos foram presos por uma equipe do Comando de Operações de Divisas (COD). Eles trafegavam na via quando foram abordados depois que os policiais checaram a placa do veículo em que eles estavam e constataram que contra o proprietário havia um mandado de prisão em aberto por um roubo cometido em uma farmácia.

Em depoimento à polícia, os autores do crime admitiram não conhecer a vítima e alegaram que não estavam alcoolizados. As investigações ainda apontam que o trio já estaria, há alguns dias, agindo da mesma forma na região, sempre provocando outras pessoas.

(Foto: Divulgação / PM)
(Foto: Divulgação / PM)

*Thaynara Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Hugo Oliveira