Mais de um mês após o afastamento do padre Robson, o Santuário Basílica de Trindade ganhou um novo reitor. Trata-se do padre João Paulo Santos de Souza, de 37 anos. Ele assume a liderança depois das investigações que miram o padre Robson pelo suposto desvio de R$ 120 milhões oriundo da doação de fiéis à Associação Filhos do Divino Pai Eterno (Afipe), responsável por administrar o santuário. Robson Oliveira está afastado das funções na basílica e também da presidência da associação, onde também já foi substituído.
João Paulo, missionário redentorista, deve tomar posse da reitoria no próximo domingo (27), em missa marcada para as 17h30, com transmissão ao vivo pela TV Pai Eterno, facebook e youtube.
Para padre João Paulo, trata-se de uma missão desafiadora, mas que traz grandes expectativas. “O sentimento é de alegria por poder colaborar com uma missão que os redentoristas exercem há mais de 125 anos, aqui no Santuário Basílica, propagando a devoção ao Divino Pai Eterno e acolhendo os romeiros de todas as partes do Brasil e do mundo”, comentou.
Perfil
João Paulo Santos de Souza nasceu em 24 de junho de 1983, na cidade de São João do Araguaia (PA), mas logo depois sua família mudou-se para Trindade (GO). Criado em família católica, tem cinco irmãos. Foi ordenado padre em 28 de novembro de 2009.
Tem licenciatura em Filosofia (PUC-GO), é bacharel em Teologia (IFITEG) e tem especialização lato sensu em Cinema e Educação (UEG). Também fez mestrado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma e, hoje, cursa doutorado também em Sagrada Escritura pela Universidade Gregoriana de Roma.
Colaborou nos Seminários Padre Pelágio, São José e São Clemente. Além disso, atuou como vigário nas paróquias de Trindade, Nossa Senhora da Guia (Aparecida de Goiânia-GO), São Pedro Apóstolo (Vila Rica – MT), Nossa Senhora de Lourdes (Goiânia), onde também foi pároco, foi mestre de noviços e vigário na Paróquia Nossa Senhora da Abadia (Abadia de Goiás – GO). Integra, atualmente, o Governo Provincial dos Redentoristas de Goiás.
Saída de Padre Robson
No dia 21 de agosto, o Ministério Público de Goiás deflagrou a Operação Vendilhões por suposta apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal. Padre Robson presidia a Associação Filhos de Divino Pai Eterno (Afipe) e pediu afastamento das funções Santuário Basílica do Divino Pai Eterno e na Associação.
À época, a defesa do padre informou que o pedido de afastamento ocorria como forma de contribuir para a investigação, já que a apuração seria de interesse para “demonstrar que não há qualquer irregularidade”.
Entenda
O Ministério Público investiga a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) e o padre Robson, presidente das Afipes (são três), por suposta apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal. O padre sempre negou os crimes.
Em decisão expedida pela juíza Placidina Pires, da Vara dos Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, a magistrada destaca no seu relatório que os supostos crimes teriam sido cometidos por uma organização criminosa integrada pelo padre Robson de Oliveira Pereira e pessoas de sua confiança.
“O MP afirmou que, a partir dos dados e provas coletados, foi possível verificar uma enorme teia de possíveis envolvidos na prática criminosa, que, sistematicamente, vêm se valendo do poder que o investigado Padre tem nas Afipes para se utilizar indevidamente do patrimônio das associações em benefício próprio.” Segundo exposto, as entidades aparecem realizando “milhares de operações imobiliárias, muitas delas com indícios de elevado prejuízo material”.
Ou seja, há indícios de que os investigados estão utilizando o patrimônio das Afipes em benefício próprio.
Desbloqueio de contas
Nesta quarta-feira (23), a juíza Placidina Pires, da Vara Estadual de Repressão ao Crime Organizado e à Lavagem de Capitais, decidiu por liberar as contas da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). Segundo a decisão da magistrada, a Afipe é vítima “dos supostos fatos criminosos objeto de apuração no Gaeco, de forma que não se mostra razoável a manutenção do bloqueio judicial, sobretudo considerando que a referida associação já providenciou, por conta própria, a adoção de algumas medidas internas para afastar eventuais riscos de reiteração das práticas ilícitas”.