Detidos

Após audiências, Juiz mantém prisões de envolvidos na Operação Cash Delivery

Os cinco acusados foram ouvidos pelo magistrado, que manteve a detenção até a conclusão do prazo de cinco dias

O juiz Alderico Rocha Santos presidiu na 11ª Vara de Justiça Federal em Goiânia, na tarde desta sexta-feira (28), as audiências de custódia dos cinco detidos na Operação Cash Delivery. Na ocasião, o magistrado optou por manter a prisão temporária de todos os acusados. As primeiras audiências foram de Rodrigo Godoi Rincon, filho do ex-coordenador de campanha do governador e candidato a reeleição José Eliton (PSDB), Jayme Rincon, e do empresário Carlos Alberto Pacheco, foram realizadas por vídeo-chamada, já que residem em São Paulo. Jayme, o motorista dele, o policial militar (PM) Márcio Garcia de Moura, e o ex-PM Pablo Rogério de Oliveira foram recebidos na sequência.

Ao final, porém, o magistrado requereu a revogação da prisão temporária dos acusados, fazendo o pedido para a delegada responsável pelas investigações manifestar-se sobre a continuidade das prisões. “Expedi o ofício e provavelmente ainda hoje a delegada receberá. Mas por hora, todos continuam reclusos em poder da Justiça” concluiu.

Depoimentos 

Chorando muito durante a audiência, Rodrigo alegou que no momento de sua prisão não lhe foi informado a motivação, porém foi autorizado a fazer uma ligação a um familiar. Ele é acusado de ter recebido dinheiro de propina da Odebrecht e diz sofrer de síndrome do pânico, agorafobia e problemas cardíacos gradativos.

“Não posso passar por stress, mas gostaria de deixar claro que estou à disposição para eventuais esclarecimentos”. Diante de sua fala, o advogado Romero Ferraz solicitou ao juiz Odorico Rocha que fosse revogada a prisão temporária do réu. De acordo com o magistrado, “o Ministério Público entende que os motivos os quais levaram a prisão do réu, persistem. O prazo se cinco dias continuará vigorando”.

Ao final do depoimento, Odorico determinou que ele fosse apresentado a um médico cardiologista, a fim de emitir um laudo sobre o risco de agravamento de sua doença devido ao stress. Após concluída as audiências, foi concluído o laudo médico, expondo que “após anamnese e exames físicos, o custodiado não apresenta contraindicação absoluta para se manter na custódia da polícia federal no prazo determinado pela lei”.

Rodrigo Godoi de moletom à esquerda (Foto: Fabricio Moretti)

O empresário Carlos Alberto Pacheco se disse indignado com a prisão e protestou. “Entraram na minha casa, retiraram o computador, pendrive e telefone. Na minha empresa apreenderem o notebook. Estou disponível para responder qualquer questão”. Formado em direito, Carlos Alberto se diz inocente, porém como reforçado pelo juiz “a prisão temporária tem como fim colher as provas sem interferência dos investigados, e soltar ou não os réus depende do prosseguimento das investigações”.

O ex-presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincon, também alegou ter alegou ter pressão alta ter sofrido quatro aneurismas. Em sua argumentação, Rincon afirmou não ter colocado obstáculos à investigação ou à Justiça”. Me coloco à disposição da lei para responder qualquer pendência. Não ficou uma indagação em aberto, respondi tudo. A justiça formulou 50 perguntas, porém, devido à clareza das minhas respostas, não precisaram fazer todas” alegou.

PM e ex-militar

O advogado e ex-policial militar Pablo Rogério de Oliveira iniciou seu depoimento se declarando vítima de todas as acusações. “Fui surpreendido com essa prisão, não tenho envolvimento algum com o caso, porém prestei todas informações que foram me pedidas. Não me neguei a nada. Fizeram buscas em minha residência, apreenderam dois pendrives, celular e o HD do computador. Nada de valor ou documento. Não conheço e não tenho envolvimento com nenhuma dessas outras pessoas. Estou chocado com essa prisão” disse.

Ele ainda alegou que em seu entendimento “prestou todas as informações solicitadas e deveria ser liberado”. Pablo Rogério alegou que seus requisitos são suficientes para responder ao processo em liberdade, como por exemplo o fato de ser réu primário. Interceptando-o, o juiz Odorico Rocha disse que “como é caso de prisão temporária, isso não se aplica”.

O policial militar e motorista Márcio Garcia de Moura, preferiu não se pronunciar na audiência de custódia.

A Operação Cash Delivery

Deflagrada pela PF contra o ex-governador Marconi Perillo e aliados, a Operação Cash Delivery é um desdobramento das investigações da Operação Lava Jato. As investigações são fruto de delações premiadas da Odebrecht. Executivos da empresa afirmaram ter repassado R$ 12 milhões para campanhas de Marconi em 2010 e 2014, em troca de favores no governo. Para a PF, Jayme era quem recebia os recursos em nome de Perillo, que é apontado como chefe do esquema.