Fogo

Após cinco dias, incêndio que atingiu território Kalunga em Monte Alegre é controlado

O incêndio que atingiu o território Kalunga, em Monte Alegre, foi controlado na tarde deste…

O incêndio que atingiu o território Kalunga, em Monte Alegre, foi controlado na tarde deste domingo (29). Local ficou em chamas por cerca de cinco dias. Fogo se espalhou até o maior território quilombola do país no mesmo período em que iniciaram chamas também no Parque Nacional da Chapada dos VeadeirosConforme explica o diretor da Brigada Voluntária Ambiental de Cavalcante (Brivac), Rafael Drumond, o quilombo Kalunga compreende vasto território e abrange três municípios: Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás. As chamas, porém, só atingiram área remota na região de Monte Alegre.

“O território é muito grande e o incêndio chegou a atingir o Vão do Moleque. As propriedades do entorno do território ficaram ameaçadas porque havia a possibilidade do fogo seguir para áreas povoadas dentro e fora do território. A operação durou cinco dias e as chamas foram controladas no domingo”, disse. Até o momento não há dados sobre a quantidade de área atingida.

Além da atuação da Brivac, profissionais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) trabalharam no combate direto ao incêndio. Segundo Rafael, as chuvas também foram determinantes para que as chamas fossem controladas. “Já havia o trabalho das forças de atuação com sopradores e abafadores, por exemplo. Mas ontem (domingo) tivemos uma forte chuva na região que contribuiu para o controle das chamas”, afirma.

O diretor da Brivac ressaltou que o momento ainda é de cautela, visto que as pessoas tendem a colocar fogo na região após as primeiras chuvas. “Ainda é um período crítico porque depois dessas chuvas iniciais o pessoal costuma colocar fogo. Estamos com a atenção redobrada”, diz.

Brivac

Além do combate ao fogo, a Brigada atua também na prevenção de incêndios. “Nós realizamos ações porque muitas vezes o Estado não consegue lidar com a situação porque território é muito grande e a ação dos incendiários é constante na região. O quilombo Kalunga tem uma herança cultural que merece ser valorizada e precisa ser preservado”, comentou.

A Brivac foi criada em 2017, ocasião em que a região foi atingida por um incêndio de grandes proporções que causou a destruição de aproximadamente 90 mil hectares de vegetação. Atualmente a brigada está formalmente constituída, sendo Departamento de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais pertencente a ACECE – Associação de Condutores em Ecoturismo de Cavalcante e Entorno. O grupo conta com 32 profissionais, sendo 21 capacitados pelo ICMBio. Os brigadistas atuam voluntariamente e recebem cursos de especialização ofertados Prevfogo/Ibama, equipamentos oriundos de doação e seguro de vida.

Parque Nacional

O incêndio que atingiu o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros também foi controlado, segundo assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros. A corporação foi acionada no último dia 26 de setembro e atuava no local desde então.

O efetivo contava com 24 bombeiros, nove viaturas, avião, drone, helicóptero, abafadores, bombas costais e sopradores. Além dos militares, brigadistas do Parque também auxiliaram na operação. Quatro aviões Air Tractor do ICMBio foram colocados à disposição.

Até o último sábado mais de seis mil hectares de vegetação haviam sido destruídos pelas chamas. Os dados sobre os prejuízos causados não foram atualizados até o fechamento desta matéria.

Com aproximadamente 240 mil hectares, o parque abriga espécies e formações vegetais únicas, centenas de nascentes e cursos d’água e é reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Natural da Humanidade.

A Delegacia Estadual do Meio Ambiente (Dema) foi acionada para investigar as causas do incêndio e localizar possíveis autores.