Após denúncias de machismo por parte de alunos, post do WR é apagado das redes sociais
Após diversas denúncias de alunos, o post do Colégio WR foi apagado das redes sociais.…
Após diversas denúncias de alunos, o post do Colégio WR foi apagado das redes sociais. A publicação foi feita no último dia 8 de março, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, e foi excluída na manhã desta segunda-feira (11). Segundo depoimentos do estudantes e ex-alunos da instituição, o diretor, professor e proprietário do colégio, Rubens Ribeiro Guimarães, mais conhecido como “Rubão”, dizia, em sala de aula, frases com conteúdo machistas e misóginos. Até o último domingo (11), a imagem postada estava com com 692 curtidas e 1.776 comentários, vários deles sobre o assunto.
“Mulher do precisa saber contar até 6, que é o número de bocas do fogão” e “mulher passa creme hidratante para a mão do homem não doer quando for bater nela” são alguns exemplos das frases que seriam ditas pelo professor. Uma ex-aluna, que preferiu não se identificar, conta que as falas eram frequentes na aulas de química, matéria ministrada por Rubão. “Quando um aluno respondia errado ou não sabia a resposta, ele pedia para uma ‘subespécie’ ensinar a resposta. Se a menina acertasse, o menino tinha que se envergonhar, pois um ‘ser irracional’ teria acertado e ele não”, conta. O WR é uma das mais famosas escolas de ensino médio e pré-vestibular de Goiânia e as mensalidades giram em torno de R$ 2 mil.
A jovem destaca que, determinada vez, foi chamada pelo professor para ter uma conversa. Rubão, então, teria apontado o dedo no rosto dela ao descobrir sobre o namoro, pois isso poderia “atrapalhar o estudo”. “Ele soube do meu namoro e me disse que ‘homem não quer nada sério com mulher’ que era para eu ‘largar de ser imbecil'”, ressalta.
Um outro ex-aluno, que estudou no WR durante três anos, conta que ficava incomodado com o jeito que o professor tratava as alunas dentro da sala de aula. Além disso, ele diz que o professor também desferia falas de cunho homofóbico. “Alunas lésbicas que foram denunciar casos de homofobia na direção foram ridicularizadas. Ele dizia que ‘sua mãe deve ter vergonha’ e que as meninas ‘deveriam criar vergonha na cara e não dar esse desgosto'”, relembra.
Os assédios, segundo o jovem, eram constantes e, alguns, chegavam a ter conotação sexual. E acusa a escola de acobertar a situação. “No mínimo, fazia vista grossa ao assédio nojento que professores tinham e têm com algumas [alunas] de 15, 16 anos. A imensa maioria dos professores usavam de comentários machistas como ‘dinheiro na mão, calcinha no chão'”.
Outro estudante alega que Rubão chegou a comparar mulheres a pedras. “Era nítido a diferença do tratamento dele entre os meninos e as meninas. Uma vez, ele disse que ‘mulher quando morre evolui porquê, às vezes, volta como pedra’. Diversas vezes vi algumas dizerem que sentiam nojo e outras relatavam que até tinham vergonha por serem mulheres”, explica o ex-aluno.
Os estudantes entrevistados pelo Mais Goiás, dizem que nunca foram feitas denúncias sobre o caso devido a influência do professor, pois temiam represálias. Eles apontam, ainda, que o diretor caçoava da situação. “Uma vez ele disse que tinha dinheiro, era rico. Que poderíamos processá-lo à vontade, que ele iria fazer coleção”, diz um deles.
Sobre a publicação do Dia das Mulheres, os estudantes descreveram a atitude como “hipócrita”. “É muito fácil vir à público e homenagear as mulheres, mas dentro da instituição somos tratadas como lixo”, comentou uma jovem. Outro aluno conta que a instituição foi “covarde” em retirar o post das redes sociais. “Foram centenas de denúncias e o que eles fazem? Apagam! É melhor esconder o problema. Atitude esta que sempre foi a recorrente da escola”, disse ele à nossa reportagem.
O Mais Goiás entrou em contato com o Colégio WR. Segundo a funcionária que nos atendeu, uma nota oficial seria elaborada para imprensa. Contudo, não houve retorno até o fechamento desta reportagem.