Após investigações contra Padre Robson, Afipe diz que trabalho não vai parar
Nota divulgada não menciona as apurações do MP. Padre e Afipe são investigados por desvios na ordem de R$ 120 milhões
Após escândalos e suspeitas de desvios milionários, a Associação Filhos do Pai Eterno disse que os trabalhos não pararam e não vão parar. A afirmação consta em nota de esclarecimento (leia íntegra) emitida pela entidade na última terça-feira (8). Texto, porém, não cita quaisquer polêmicas envolvendo o padre Robson ou a investigação do Ministério Público que apura desvios de R$ 120 milhões de doações de fiéis.
De acordo com o texto, o maior objetivo da Afipe é a evangelização. Conforme a nota, a mencionada missão é colocada em prática por meio de ações, tais como as dos colaboradores que atuam na entidade; ações sociais; devotos associados; peregrinação da imagem do Divino Pai Eterno; da Romaria de Trindade e dos operários, materiais e equipamentos utilizados na construção do Novo Santuário, que deve custar cerca de R$ 1,4 bilhão.
Na nota, a Associação diz que muitas vidas dependem da entidade, e, por isso, o “trabalho não parou e não vai parar”. “Com muita fé no Pai Eterno, seguimos e continuaremos seguindo firmes nesta missão. Nosso muito obrigado a você que segue lutando conosco”, diz trecho.
Apesar de ser intitulada como “nota de esclarecimento”, a nota não menciona a Operação Vendilhões, deflagrada pelo Ministério Público, no dia 21 de agosto. O texto também não fala sobre as investigações e afastamento do padre Robson. Segundo apurado pelo órgão, o sacerdote usava a Afipe e empresas de fachadas para realizar transações imobiliárias multimilionárias.
Entenda
O Ministério Público investiga a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) e o padre Robson, presidente das Afipes (são três), por suposta apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal. O padre sempre negou os crimes.
Em decisão expedida pela juíza Placidina Pires, da Vara dos Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, a magistrada destaca no seu relatório que os supostos crimes teriam sido cometidos por uma organização criminosa integrada pelo padre Robson de Oliveira Pereira e pessoas de sua confiança.
“O MP afirmou que, a partir dos dados e provas coletados, foi possível verificar uma enorme teia de possíveis envolvidos na prática criminosa, que, sistematicamente, vêm se valendo do poder que o investigado Padre tem nas Afipes para se utilizar indevidamente do patrimônio das associações em benefício próprio.” Segundo exposto, as entidades aparecem realizando “milhares de operações imobiliárias, muitas delas com indícios de elevado prejuízo material”.