Após lutar para evitar assalto em ponto de ônibus, homem é baleado no Setor São Judas Tadeu
Acompanhado de sua filha, ele socou o rosto do bandido antes de ser alvejado pela primeira vez. A vítima foi levada ao Hugol, onde se encontra em estado grave
Um assalto a pessoas que estavam em um ponto de ônibus terminou com luta corporal e homem baleado na Avenida Afonso Pena, no Setor São Judas Tadeu, região Norte de Goiânia, por volta das 8h30 desta quarta-feira (15). Helder Alexandre de Lima (51), alvejado por duas vezes, na cabeça e no tórax, foi levado por agentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Estadual de Urgências da Região Noroeste de Goiânia Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde está em estado grave.
De acordo com a filha dele, Fernanda Lima (25), que estava com Helder no momento do assalto, a equipe média afirmou que ele chegou consciente e respondia com olhares quando chamavam por seu nome. “Agora ele vai passar por uma tomografia e os médicos devem emitir um boletim em cerca de uma hora”.
Conforme expõe Fernanda, o primeiro tiro ocorreu quando, após receber a voz de assalto, Helder socou o assaltante no rosto. “Eles chegaram caminhando calmamente, pararam na nossa frente, um deles sacou a arma e fez o anúncio. Meu pai reagiu, e não parava de bater no rosto do bandido. Nessa confusão, o homem atirou no tórax dele, mas como ele continuou socando, o bandido acertou a cabeça dele”.
Ela revela que tudo se passou muito rápido e entrou em desespero quando ouviu o primeiro disparo. “Fui em direção ao meu pai, que estava caindo. O homem ainda apontava a arma na nossa direção. Tive medo de ser atingida também, mas aí eles fugiram a pé”.
Fernanda protesta contra a demora do socorro. “Moramos no Goiânia 2, onde há um batalhão da PM e um dos Bombeiros. Eu estava desesperada, mas demorou uns 20 minutos para o socorro chegar, pela distância, deveriam ter chegado antes, mas felizmente conseguimos chegar a tempo no hospital”.
A assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros afirma que a força foi acionada às 8h47, quando uma unidade móvel saiu do Batalhão situado no Goiânia 2 para realizar o atendimento. “O trajeto foi rápido, mas quando chegamos, já havia uma ambulância do Samu no local. Recebemos, por engano, reclamação de que a ambulância do Samu ‘nunca chegava’ mesmo”.
Em nota, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Goiânia esclarece que recebeu o chamado às 08h48 e chegou ao local do atendimento antes da viatura do Corpo de Bombeiros. A ambulância enviada foi uma Unidade de Suporte Avançado (UTI móvel). O paciente foi estabilizado e encaminhado para o Hugol.
Na cena do crime, um lote baldio onde está fixado o ponto de ônibus, não há sangue ou qualquer registro da violência. Fernanda explica que as marcas estão todas em suas roupas. “Estanquei o sangue da cabeça dele com minhas roupas. Minhas camisa, calça e bolsa ficaram ensopadas. Ele é uma pessoa forte, esperamos que se recupere e que a justiça seja feita”.
Segundo Fernanda, o atirador, media cerca de 1,70m de altura, usava boné, tinha pele morena “meio clara”, estava de camiseta cinza e bermuda. Ela afirma não ter reparado no segundo assaltante. Apesar da proximidade com uma padaria, as câmeras de segurança do estabelecimento estão desativadas, informa o proprietário, ao Mais Goiás.
Ponto de vista
De acordo com a compradora Poliana Santos, 30, que também esperava um ônibus, os crimes foram cometidos por duas pessoas, um homem e um garoto de cerca de 17 anos. “O ônibus já estava vindo, quando eles se aproximaram, o garoto se sentou do meu lado e o outro ficou de pé e deu a voz de assalto. Mais duas pessoas estavam comigo no ponto no naquele instante: um homem e a filha dele. Quando percebeu a tentativa de roubo ele reagiu, entrou em luta corporal com os bandidos e foi baleado”.
Poliana afirma ainda que entregou a bolsa com todos os seus pertences e correu após o primeiro tiro. “Quando atiraram pela primeira vez, a filha dele também foi em direção ao pai e ao assaltante e não sei como não foi alvejada. Abaixei a cabeça e saí correndo. Não vi mais nada. Depois escutei mais um tiro. Quando voltei, vi que ele tinha sido atingido na cabeça e no tórax”, revela.
A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados por comerciantes da região, os quais só puderam assistir ou ouvir à luta de longe. Um deles, proprietário da mencionada padaria, afirmou ter ouvido três disparos após a luta. “Não chegaram a assaltar meu estabelecimento. Vi uma luta e depois ouvi estouros como se fossem bombinhas. Achei que fossem crianças, mas depois soube que eram tiros. Vi que ela também foi em direção aos bandidos, mas me admira muito dela não ter sido atingida”.
Uma mulher e seu filho, também comerciantes da região, dizem ter visto Poliana saindo correndo após um estouro. “Ouvimos um tiro e percebemos ela correndo. Quando perguntamos o que era, ela gritou que um homem tinha sido baleado. Logo corremos para acionar bombeiros e polícia, que demoraram, respectivamente, cerca de 30 e 20 minutos para chegar”.
No local, o tenente Flávio, do 9° Batalhão da PM, o qual não quis revelar seu sobrenome, afirmou que os fatos ainda estão sendo apurados.