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Após protestos, menor apreendido por suposto plano de atentado muda de escola em Uruaçu

Adolescente de 16 anos, apreendido em Uruaçu, no último dia 17 de abril. Após as investigações, o atentado foi descartado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) e Polícia Civil (PC)

Depois de protestos de pais e alunos do Colégio Estadual Alfredo Nasser, o adolescente de 16 anos, apreendido em Uruaçu, no último dia 17 de abril, decidiu não voltar à escola. Segundo informações da promotora responsável pela área de infância e educação, Daniela Hun, o menor optou por mudar de instituição porque tem visto mobilização por parte moradores locais para que ele não volte à unidade de ensino. O menino foi apontado como suspeito de planejar um atentado a tiros na escola em questão. Após as investigações, o atentado foi descartado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) e Polícia Civil (PC).

A polícia chegou ao rapaz por meio de uma denúncia da comunidade escolar. Os relatos eram de que o jovem publicava ameaças em grupos de estudantes nas redes sociais. Na residência do adolescente, os militares encontraram um planejamento com as etapas e materiais que seriam utilizados no atentado. “60 balas por arma, mirar na cabeça, finalização com faca, iniciar pelos servidores e finalizar com os alunos”, diz trecho das anotações. Ele também escreveu que usaria gasolina para incendiar o colégio quando a polícia chegasse.

 

 

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Raphael Neris Barboza, o atentado foi descartado e o adolescente não foi autuado. Segundo ele, não houve ato executório. “As coisas não aconteceram da forma como foi noticiado. Ele não é esse monstro que foi criado. Na verdade, não havia atentado. Para que ele fosse punido seria necessário execução mínima, o que não houve neste caso”, disse ao Mais Goiás.

Ainda segundo o delegado, a notícia espalhada de que o pai do menino possuía duas espingardas e um revólver calibre 38 é falsa. “Essas armas eram de outro adolescente e estavam trancadas em um cofre. Não há ligação, eles nem se conhecia”, afirmou.

À época, o estudante foi encaminhado para acompanhamento psicológico e psiquiátrico e continuará sendo observado. No entanto, conforme Raphael Neris, agora o acompanhamento não será feito em razão do suposto plano de atentado. “Ele é um menino superdotado, possui inteligência elevada. Então, será acompanhado por profissionais especializados, já que o colégio normal não consegue desenvolver as habilidades dele”, conta.

Conforme a promotora Daniela Hun, tanto o adolescente quanto os pais dele não querem que o menor volte a estudar no colégio Alfredo Nasser. “O garoto está traumatizado. A cidade é pequena e ele tem escutado muitas coisas. Na verdade, ele virou vítima da situação e está sendo banido pelos moradores”, comentou.

Na última semana, a escola ficou paralisada por conta de protesto de pais e estudantes que se declaram contrários à volta do menino. Cerca de 12 alunos chegaram a ser transferidos para outro colégio. “Entendemos a sensação de pânico e medo dos familiares, mas houve muita informação falsa. Chegaram a associar a foto de outro rapaz como ajudante do suposto plano de atentado. A situação foi bem menor do que foi apresentada. Foi uma brincadeira infeliz de um adolescente que possui uma inteligência acima da média”, concluiu.

O Mais Goiás tentou contato com o colégio Alfredo Nasser e com pais contrários ao retorno do menino, mas não conseguiu retorno até o fechamento da matéria. Os pais do menor também não foram encontrados.