“Aqui se combina e descombina”, diz Fecomércio sobre suspensão de aberturas
Presidente da Associação Empresarial Região da 44 afirma que acordo para abrir no dia 13 de junho precisa ser cumprido
A possibilidade de abertura da Região da 44, em Goiânia, no próximo dia 13, fica cada vez mais distante. Os Shoppings, que abririam neste sábado (6), também não irão mais, por causa do baixo isolamento social na pandemia do novo coronavírus. O presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi disse que essa notícia atingiu em cheio os empresários, que se viram frustrados e espantados. “Aqui se combina e descombina como se troca de roupa”, diz ele ao lembrar que estava combinado a abertura, conforme reunião do fim de maio.
“Depois de 5h de reunião, de acordar com a prefeitura a abertura de algumas atividades no dia 6 e o calendário de outras, temos a informação que a prefeitura não abrirá nada nos próximos 15 dias e podendo fechar outros”, lamenta Baiocchi. Ele cita que, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Goiás registra saldo de aproximadamente 12 mil desempregados de janeiro a abril deste ano. “São 21 mil admissões e 34 mil demissões, sendo 22 mil só em abril. Em maio será pior”, prevê de forma pessimista.
Segundo o presidente da Fecomércio, se nada for feito as empresas quebrarão e demitirão seus funcionários. “A fome mata e o desemprego também.” Ele cita que, com a promessa de retorno, empresários chamaram funcionários e renovaram estoques. “A esperança havia voltado. Agora terá que demitir. Não é justo com o empresário, não dá para trabalhar assim.”
Reversão
Segundo Baiocchi, ainda na manhã desta sexta-feira a Fecomércio e outros grupos iniciaram a tentativa de reverter a situação. “Estivemos com o prefeito Iris, que é um político experiente e sensato, e temos a expectativa de achar um justo e equilibrado caminho.”
De acordo com ele, não houve desistência pela reabertura. “Se não for dia 6, que seja 8, 9, 10. Estamos na mesa de negociação e queremos um calendário. As empresas precisam se programar”, pontua.
Marcelo diz, ainda, que se administração não sabe como fazer pode copiar Aparecida, “que tem gestão. Lá estão fazendo a abertura com controle, orientação e fiscalização. Aqui combina e descombina”, desabafa. O município vizinho, vale destacar, divulgou um decreto de escalonamento, nesta semana, bem como um protocolo para abertura de shoppings e feiras especiais. “Enquanto tiver um comércio para abrir, a gente continua lutando”, arremata o presidente da Fecomércio.
AER 44
Para Jairo Gomes, presidente da Associação Empresarial da Região da 44 (AER 44), é preciso entender que o vírus existe e preciso combatido, mas a economia precisa voltar. Segundo ele, ainda, o prazo combinado para o retorno foi de 13 de junho, então é preciso abrir nesta data.
Ele, que também participou da reunião com o prefeito Iris nesta manhã, afirmou que gestor irá conversar na segunda-feira (8) com o governador Ronaldo Caiado e, depois, chamar novamente as categorias para conversar. “Nosso trato é com o prefeito Iris, porque na secretária de Saúde (Fátima Mrué) não dá para confiar.”
Jairo afirma que não a abertura não deve ser aleatória, mas deve, sim, acontecer de forma organizada. “A pandemia mata, mas a falta de comida também. A depressão, o suicídio”, declara. Conforme relata, a 44 está fechada há 90 dias, deixando de gerar dinheiro, mas as ruas seguem lotadas de ambulantes. “A gestão não consegue fiscalizar.”
Ele enumera que, com a abertura da 44, comércio de rua diminui a aglomeração. Segundo ele, o mesmo ocorre com shoppings. “Diminuem o movimento de outros estabelecimentos, que viraram verdadeiros shoppings, como supermercados. Se abre bares e restaurantes, diminui a aglomeração nas distribuidoras de bebidas”, continua o exemplo
Situação
Nesta sexta-feira (5), a secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué, afirmou que o calendário de reabertura de outras atividades em Goiânia está, por ora, suspenso, em decorrência da baixa taxa de isolamento social e taxa alta de ocupação das vagas hospitalares. Segundo ela, os leitos de enfermaria estão com 93% de ocupação. Os de UTI estão em 78%.
Os dados, conforme explicou, são referentes à Maternidade Célia Câmara e ao Hospital das Clínicas da UFG. Para flexibilizar as atividades econômicas, a secretária diz que é necessário aumentar a taxa de isolamento e ampliar a capacidade de leitos.
“Contamos da ajuda de todos os segmentos. Quanto mais rápido conseguirmos controlarmos a epidemia em Goiânia, mas rápido retornaremos as atividades com segurança. A mais de um mês estamos discutindo a reabertura”, disse a secretária municipal de Saúde.
Vale destacar que a Prefeitura de Goiânia estuda antecipar feriados para conter o avanço do coronavírus na cidade. Na capital já foram contabilizados 2.410 casos de Covid-19 com 75 mortes. O município avalia que as duas próximas semanas serão fundamentais para o controle da epidemia. A intenção é de elevar o isolamento social de 38% para 50%.