Arquidiocese e fiéis se despedem de Dom Antonio
Homenagens marcaram a Quarta-feira de Cinzas na Arquidiocese de Goiânia. De hora em hora, celebrações…
Homenagens marcaram a Quarta-feira de Cinzas na Arquidiocese de Goiânia. De hora em hora, celebrações relembram a trajetória do arcebispo emérito da capital, dom Antonio Ribeiro de Oliveira, que morreu ontem (28), aos 90 anos, vítima de um infarto fulminante. Ele estava na casa de familiares e amigos, no setor Goiânia II.
Natural de Orizona, no Sul goiano, o religioso era uma referência pelo trabalho que desempenhou a favor dos mais pobres. Foi nomeado arcebispo de Goiânia em 1985, pelo papa João Paulo II, e esteve à frente da a Arquidiocese até 2002 quando, aos 75 anos, renunciou ao cargo. Nesse período, foi grão-chanceler da PUC Goiás e ex-presidente da Sociedade Goiana de Cultura (SGC), mantenedora da universidade. Seu ministério foi pautado pelo lema para que todos sejam um, que representa a união do colegiado e da comunidade.
A primeira missa de corpo presente foi celebrada à meia noite desta quarta-feira, 1° de março, na Catedral Metropolitana. No início da manhã, o monsenhor Luiz Lobo presidiu uma das celebrações e destacou que dom Antonio deu continuidade e ampliou o trabalho de dom Fernando Gomes – primeiro arcebispo da Arquidiocese de Goiânia.
“Ele foi o grande pastor da Igreja no Centro-Oeste. Levou à frente à caminhada de dom Fernando, desenvolvendo sobretudo dimensões importantes dentro da evangelização. Um pastor que levou aos pequeninos as maravilhas de Deus, muito simples, muito voltado para o povo. Amou os padres da Arquidiocese e procurou sempre estar presente na vida religiosa”, frisou.
Após a celebração, dom Washington convidou os fiéis para, juntos, rezarem um terço. Ele lembrou que, ao longo de sua vida, dom Antonio recebeu vários chamados, “sendo o último para morar na Pátria Celestial.”
A última missa de corpo presente será presidida por dom Washington nesta quinta-feira (2), às 9 horas. Depois, haverá uma procissão e os restos mortais serão sepultados aos pés de Nossa Senhora Auxiliadora, na cripta da Catedral.
Lembranças
A cuidadora Maria Fernandes, 76 anos, foi à Catedral Metropolitana se despedir de dom Antonio. “Ele celebrava missas muito bem, crismou minha neta e era muito acessível”, lembrou, emocionada.
Já a assistente social Elizabeth Trindade, da Comunidade Eclesial de Base (CEB) regional Centro-Oeste, citou o trabalho junto às comunidades. “Foi nosso grande companheiro. Com certeza, é uma grande perda não só para a Igreja em Goiás, mas no Brasil”, disse.
A aposentada Genoveva de Freitas, 66, citou o apoio de dom Antonio aos leigos, às pastorais sociais e ao grito dos excluídos. “É um momento de agradecer pela pessoa dele, que acreditou na Igreja povo de Deus e ensinou a unidade entre fé, vida, política e cidadania”, afirmou.
Autoridades
O governador em exercício, José Eliton (PSDB), decretou luto oficial de três dias. Pelo Facebook, citou a luta de dom Antonio “contra todo tipo de opressão aos povos indígenas, quilombolas, sem-terra e outras parcelas mais frágeis da nossa sociedade.”
Em viagem aos Emirados Árabes, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), também usou a rede social para prestar sua homenagem. “Além de particular e queridíssimo amigo da nossa família, dom Antonio foi nosso conselheiro em todos os momentos mais difíceis que atravessamos nos últimos 20 anos. Goiás e o Brasil perderam hoje um dos maiores pastores da história da Igreja Católica no País”, lamentou.
Trajetória
Dom Antônio nasceu em Orizona, no sul goiano, se tornou padre aos 22 anos e bispo aos 34. O pároco foi bispo auxiliar de Goiânia e, em seguida, bispo de Ipameri, também no sul do estado. Entre 1986 e 2002 ele foi o arcebispo da capital goiana. Ainda presidiu a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Centro-Oeste e, celebrou, em 1991, uma missa campal para mais de 500 mil pessoas durante a visita do Papa João Paulo II a Goiânia.