Atirador volta atrás e afirma que está arrependido de ter matado adolescente em Alexânia
Em novo vídeo, Misael confessa que entrou duas vezes em contato com a vítima pelo telefone antes do crime
Acusado de matar a jovem Raphaella Noviski, de 16 anos, Misael Pereira Olair, de 19 anos, relatou em novo vídeo que está arrependido de ter cometido o crime. O material foi gravado após a audiência de custódia que ocorreu nesta terça-feira (7) no Fórum de Alexânia.
No vídeo, Misael aparece com o olho roxo. Ele alegou, ao juiz, que sofreu uma queda dentro do banheiro da penitenciária. A oitiva formal está marcada para a tarde desta quarta-feira (8).
A delegada responsável pelo caso, Rafaela Wiezel, acredita que o jovem pode estar arrependido após tomar conhecimento da proporção do crime que cometeu. Misael foi escoltado pelos agentes prisionais com o auxílio da Polícia Civil devido ao grande apelo popular no caso. O acusado está em uma cela de triagem no presídio de Alexânia. “Possíveis conversas com outros companheiros de cela podem ter influenciado na decisão do acusado, já que o feminicídio é um dos crimes com maior duração de pena. Neste momento, é possível dizer que caiu a ficha do que ele fez. Durante a escolta, ele até se mostrou disposto a trabalhar para reduzir a pena.”
Em novo depoimento gravado em vídeo, Misael relata que ligou duas vezes para a vítima. O primeiro contato aconteceu no final de semana antes da tragédia e a ligação foi atendida por uma tia da vítima, e ele então disse que se fez passar por outra pessoa e desligou o telefone. A outra ligação foi realizada no dia do assassinato, com o objetivo de intimidar a jovem por meio de ameaça. “Ele conta que tentou conversar com a Raphaella para poder desabafar, contar o sentimento reprimido que sentia pela garota. No outro dia, ele ameaça a vítima indagando se ela estava preparada para morrer. Acreditamos que ela não deu importância na ameaça”, aponta a delegada.
Olho Roxo
Misael apareceu na audiência de custódia com o olho esquerdo roxo. Segundo a delegada, ele afirmou ao juiz que sofreu uma queda no banheiro da unidade prisional devido a baixa luminosidade do local e, por isso, não será aberto nenhum procedimento devido ao acidente.
A delegada ressalta que na delegacia da cidade não existe celas dentro da unidade e que existe todo material como relatórios e vídeos anteriores que mostram que o jovem em momento nenhum sofreu algum tipo de violência. “Não é nossa obrigação escoltá-lo, mas devido a grande repercussão e a cidade toda ter ficado em estado de choque, realizamos o procedimento”, pondera.
Rafaela também aponta que não foi requerido o exame psicológico de Misael durante o processo para diagnosticar um possível distúrbio psicológico dele. Porém, a defesa ainda pode pedir a avaliação do acusado caso julgue necessário, mas o pedido deve ser aprovado pelo juiz. “Temos três vídeos anteriores onde o acusado demostra a conscientização do crime que cometeu”, observa a delegada.
Crime
Raphaella foi assassinada na segunda-feira (6) dentro do Colégio Estadual 13 de maio. Misael entrou o colégio por volta das 7h35 e desferiu 11 tiros na adolescente, que morreu na hora. Após o crime, ele conseguiu fugir com a ajuda do comerciante Davi José de Souza, de 49 anos. A dupla foi detida logo depois pela Polícia Militar.
Nos primeiros vídeos gravados, Misael não demostrava arrependimento do crime. Na ocasião, ele relatou que trabalhou durante um ano para comprar a arma e premeditou o crime por odiar a vítima. O acusado é ex-aluno da instituição escolar e disse que conhecia tudo sobre a adolescente.
O corpo da jovem foi enterrado na manhã desta terça-feira (7) no Cemitério Campo da Saudade sob forte comoção de amigos e familiares. O velório aconteceu na igreja frequentada pela família, Assembleia de Deus Ministério Madureira.
As aulas no Colégio Estadual 13 de Maio estão suspensas até a próxima sexta-feira (10). Como o calendário escolar já previa um recesso nos dias 13, 14 e 15, em virtude de um feriado municipal e do feriado nacional da Proclamação da República, as aulas serão retomadas no dia 16 de novembro, depois da Celebração de um Culto Ecumênico pela paz e em memória da estudante.