Associação denuncia desmatamento em área de nascente do Córrego Buriti, em Goiânia
Arquiteta diz que atividades no referido ambiente podem causar "desastre ambiental irreparável"
A Associação Pró-Setor Sul denuncia ação de desmatamento em um terreno que abriga a nascente do Córrego Buriti, em Goiânia. O local fica na Av. 136, no Setor Sul, e foi alvo de derrubada de árvores para a construção de um empreendimento. Arquiteta diz que atividades no referido ambiente podem causar “desastre ambiental irreparável”. Grupo planeja manifestação na próxima sexta-feira (24) em prol da preservação da área. A Amma disse que as árvores retiradas do local não fazem parte da Área de Preservação Permanente (APP) considerada nascente, salientando se tratar de propriedade privada.
Ao Mais Goiás, o presidente da Aprosul, Edmilson Moura, disse que o terreno pertencia à União e foi leiloado em 2021. A Associação chegou a requerer a suspensão da venda dessa área, mas afirma que a solicitação não foi atendida.
Edmilson alega que, no requerimento, anexou parecer da Agência Municipal do Meio Ambiental (Amma) que aponta o local com provável existência da maior e mais importante nascente do Córrego Buriti, manancial responsável pelo Bosque dos Buritis e Lago das Rosas, áreas de Unidades Municipais de Preservação.
De acordo com ele, qualquer edificação ou rebaixamento do lençol freático pode causar impacto ambiental por atingir um importante patrimônio histórico e paisagístico de Goiânia. “Nossa preocupação é com as nascentes que são imprescindíveis. Queremos chamar a atenção da população e das autoridades parar barrar esse desmatamento”, afirmou ao convocar os goianienses para o protesto previsto para a próxima sexta-feira (24), às 18h, no referido terreno.
Impactos ambientais
À reportagem, Márcia Guerrante, diretora de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Aprosul, explicou que o local possui uma nascente esparsa do Córrego Buriti. Isso significa a existência de nascentes em vários pontos. Segundo ela, o córrego nasce no terreno da Av. 136 e corre para vários locais, como o Clube dos Oficiais, por exemplo, e abastece o Bosque dos Buritis e Lago das Rosas.
Ela avalia que o desmatamento na região pode secar a nascente. “Ali deveria ser uma área de preservação, mas infelizmente não é. Mexer neste local coloca em risco patrimônios ambientais históricos de Goiânia. No plano original da cidade, a área é guardada. Agora já começaram a destruição, derrubaram tudo “, criticou.
Além dos danos com relação à nascente, a arquiteta comentou que uma grande obra no local pode piorar o trânsito na região. “O tráfego já é caótico naquelas proximidades e pode piorar. Nós já pedimos várias vezes para que a área seja transformada em parque público, mas nunca fomos atendidos”.
Márcia pontua que a cidade precisa crescer, mas ressalta que isto deve ser feito com responsabilidade e cuidado. “O mercado imobiliário está avançando e não leva em consideração a vida das pessoas. É possível e preciso o município crescer sem afetar a qualidade de vida da população”
O que diz a Amma
Em nota, a Amma disse que as árvores retiradas do local não fazem parte da Área de Preservação Permanente (APP) considerada nascente do Córrego dos Buritis, salientando se tratar de propriedade privada.
A Agência informou que a retirada foi autorizada conforme a legislação vigente e laudo de vegetação apresentado e assinatura do Termo de Compensação Ambiental (TCA). Além disso, ressalta que recebeu da empresa responsável pelo terreno a doação de 3.040 mudas de árvores nativas do cerrado que são utilizadas em reflorestamento de áreas degradadas na capital.
Nota na íntegra:
As árvores retiradas em um terreno na Av. 136 no setor Sul não fazem parte da Área de Preservação Permanente (APP) considerada nascente do Córrego dos Buritis, salientando se tratar de propriedade privada.
A Amma esclarece que a retirada das árvores da área que foi leiloada pela União foi autorizada, conforme a legislação vigente e laudo de vegetação apresentado e assinatura do Termo de Compensação Ambiental (TCA).
Por isso, a Amma recebeu a doação de 3.040 mudas de árvores nativas do cerrado que são utilizadas em reflorestamento de áreas degradadas na Capital.
Ao todo foram suprimidos 86 exemplares do local, e a empresa terá ainda, após a construção do empreendimento de realizar a retirada do ‘habite-se’ junto a Amma, quando é realizado o plantio das espécies indicadas pela Amma nas áreas próximas ao empreendimento.
Posição da construtora
Em nota, a construtora responsável pelo local disse que a área não é considerada como local da nascente do Córrego dos Buritis. Segundo o texto, existe uma nascente, mas que está a uma distância de mais de 300 metros da área em questão, “portanto, fica fora do local adquirido pelo grupo empreendedor, conforme sinalizado na imagem em anexo, segundo informação do renomado geólogo Jamilo Thomé”.
A empresa também disse que não houve desmatamento, uma vez que na área não existia vegetação nativa.