Associação leva deficientes visuais para andar a cavalo pela primeira vez, em Goiânia
Doze pessoas com deficiência visual andaram a cavalo pela primeira vez ao participarem de um…
Doze pessoas com deficiência visual andaram a cavalo pela primeira vez ao participarem de um projeto da Associação dos Deficientes Visuais do Estado de Goiás (Adveg), em Goiânia, na terça-feira (7). Os participantes do projeto “Vivenciar” conheceram os instrumentos usados para encilhar os cavalos e tiveram uma sessão de equoterapia, que consiste em um método terapêutico onde o cavalo é o agente que auxilia no desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência ou necessidades especiais.
O presidente da associação, Deni Carlos Alves, explica que o objetivo do projeto é fazer com que pessoas com deficiência visual participem de atividades que necessitam de auxílio para serem realizadas.
“Foi disponibilizada toda uma equipe para mostrar como funciona todo o material, mostrar os cavalos, os equipamentos e ajudar na montaria. Participamos de uma aula de equoterapia. Essa edição foi andar a cavalo, mas o projeto vai além. O projeto leva os jovens cegos para terem determinadas vivências que nem sempre conseguem por não terem alguém por perto para fazerem isso. Vivências que para quem enxerga é trivial”, explica Deni.
Segundo o presidente, a associação atende crianças, jovens e adultos, mas para esse projeto em específico deu-se preferência para pessoas de 18 a 30 anos.
A estudante de jornalismo Juliana Santelli conta que a experiência foi primordial para adquirir formatos em seu “banco de dados” cerebral e assim, conseguir associar uma palavra que escuta a uma figura.
“A vivência de ontem para mim foi um momento ímpar. Eu não nasci cega, perdi a visão na infância por conta do meu glaucoma congênito. Porém, conseguir associar a palavra cavalo a uma figura, ou ao corpo do animal, é um ganho. Crianças que enxergam estão sempre vendo as representações dos objetos que elas escutam por aí e assim vão formando seu ‘banco de dados’, nós não”, conta a estudante de 21 anos, que já participou de outras edições do projeto como terapia com cães e dança do ventre.
As edições acontecem uma vez por mês. A próxima edição ainda não tem data marcada, mas consistirá em uma trilha com atletas que praticam a atividade com frequência. Cada deficiente visual terá um trilheiro como guia e o destino final será uma cachoeira. Outras edições também já estão definidas.
“Vamos conhecer o quartel do Corpo de Bombeiros, que é um ícone para toda criança, mas os deficientes visuais acabam não sabendo como são os caminhões, como é uma farda. Coisas simples que vemos desde criança e eles não tiveram contato”, relata a diretora de eventos da associação, Eliana Addad.
Para ela, é gratificante ver os deficientes descobrir o formato ou a dimensão de objetos ou animais que conhecem apenas pelo nome.
“Quando falamos de cavalos, por exemplo, eles podem imaginar o ‘grande’ de diversos tamanhos, mas é grande quanto? Grande quanto uma baleia, quanto um ônibus. Então, é muito gratificante ver a emoção deles e saber que podemos contribuir com isso. Não é só uma atividade voltada para a diversão, é para proporcionar confiança, autonomia, experiências de vida mesmo, para que saibam conversar sobre assuntos variados. Criar as próprias histórias, não simplesmente repassar as histórias que ouviram”, conclui Eliana.
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