Combate

Ato em solidariedade às vítimas do médium João de Deus é realizado em Abadiânia

Ação também faz parte do Dia Nacional de Enfrentamento às Violências Sexuais Contra Crianças e Adolescentes, que é celebrado neste sábado (18)

Na manhã deste sábado (18) ocorre um ato em solidariedade às mulheres que foram vítimas de abusos sexuais praticados pelo médium João de Deus. A ação acontece na BR-060, em Abadiânia, cidade em que sedia a Casa Dom Inácio de Loyola, onde ele fazia atendimentos. O evento é organizado pela Rede de Atenção a Crianças, Adolescentes, Mulheres e Idosos em Situação de Violência, de Goiânia e pelo Fórum Goiano pelo Fim da Exploração Sexual Infanto Juvenil. E conta com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

De acordo com a organização, 150 pessoas participam. A intenção também é conscientizar sobre o Dia Nacional de Enfrentamento às Violências Sexuais Contra Crianças e Adolescentes, neste sábado. “Essas mulheres, por anos, guardaram uma grande dor. E conseguiram coragem para denunciar uma figura poderosa nesse estado. Elas ainda estão em sofrimento. O grau de ameaça ainda é grande”, disse uma das organizadoras do movimento.

Segundo dados apresentados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), os abusos cometidos pelo médico se arrastam desde 1973. Além disso, há 39 anos não houve sequer um ano em que não houvessem vítimas. Até o momento, apenas mulheres fizeram denúncias. O maior número é entre 18 e 30 anos. Contudo, pelo menos 15 meninas entre 0 e 15 anos de idade também foram vítimas de João de Deus.

“A exploração sexual contra crianças e adolescentes é uma violência cruel que nós não podemos mais aceitar. Nós estamos aqui porque acreditamos em uma nova sociedade, de fraternidade, justiça, respeito e cuidado à vida, em todas as dimensões”, afirmou a irmã Guida, da Rede Unidos Pela Vida.

Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-Net), da Secretária Municipal de Saúde de Goiânia, em 2018 foram registrados 170 casos de violência sexual contra pessoas que moram na capital. Essa é a segunda violência mais notificada em crianças menores de 10 anos, perdendo apenas para a negligência, e a terceira mais registrada entre adolescentes, após autolesão e violência física, respectivamente.

Entre os autores dessa violências, destaca-se que 46% são provocadas por familiares, 25,8% por amigos e pessoas conhecidas. Os homens são responsáveis por 88% das violências sexuais registradas e os abusos, em 70%, ocorreram dentro de casa.

O grupo realiza uma campanha de conscientização para estimular a denúncia caso passe por essa situação ou conheça alguém que sofra esse tipo de violência. Uma espécie de blitz é realizada na rodovia com entrega de folhetos aos motoristas.

“A criança não mente. Estamos em um tempo que, o que ela falar, tem que investigar. Os pais têm que ficar em alerta e prestar o máximo de atenção em seus filhos. Tirar um tempo para eles”, pontua Elenita Borges, motorista que foi orientada pela blitz.

Além disso, mudas de ipês serão plantadas na cidade. A espécie foi escolhida como símbolo da luta contra esse tipo de violência. Outra ação para marcar a data será uma revoada de pombo no final do ato, promovido pelos artistas plásticos Siron Franco e Saída Cunha.

(Foto: Maianí Gontijo)
(Foto: Maianí Gontijo)