Atraso no pagamento de bolsas universitárias chega à R$ 60 milhões, em Goiás
Bolsa Universitária mantido pela OVG está com atraso de seis meses. Estudantes da UEG também reclamam do atraso nas bolsas da universidade e temem não receber
O atraso no pagamento de bolsas universitárias chegou à R$ 60 milhões, em Goiás. De acordo com o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação Superior do Estado de Goiás (Semesg), o Programa Bolsa Universitária mantido pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) está com atraso de seis meses.
Durante entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (27), o presidente do Semesg, Jorge de Jesus Bernardo, disse que a continuidade do programa, que atualmente beneficia cerca de 20 mil alunos, está ameaçada. Ele afirmou que as instituições participantes estão enfrentando um “verdadeiro caos” por conta da falta de repasses do Governo Estadual.
Segundo ele, o atraso pode ter sérias consequências, como a evasão de milhares de estudantes de baixo poder aquisitivo. Essa questão também afeta o funcionamento das instituições de menor porte, as quais são as mais afetadas financeiramente quanto ao cumprimento do pagamento de salários de trabalhadores.
Por nota, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) e a OVG informam que têm feito repasses às instituições que atendem o programa Bolsa Universitária. “Nos meses de julho e agosto, por exemplo, foram repassados R$ 16,8 milhões. Conforme o pactuado com as instituições, outros R$ 10,23 milhões serão repassados até sexta-feira (28). Porém, ocorreram atrasos e restam cerca de R$ 35 milhões que serão pagos até dezembro”, diz o texto.
Mais do mesmo
Os estudantes da Universidade Estadual de Goiás (UEG) também reclamam do atraso no pagamento das bolsas de Iniciação Científica, Permanência, Extensão, Mobilidade Acadêmica e Monitoria. Segundo os bolsistas, o pagamento está atrasado há um mês.
O estudante de Educação Física, Júlio César Maia, de 21 anos, disse que a universidade, através da Central de Bolsas, não responde os e-mails dos estudantes e não informa o prazo com previsão de pagamento. “No meu caso, a bolsa já começou atrasada, então este mês eu estou esperando o pagamento de junho e nem sei se vou receber”, contou desanimado.
Júlio explicou que é bolsista há três anos e que nunca passou por uma situação como essa. “E olha que eu ainda tenho outra forma de me sustentar, mas tenho colegas que dependem exclusivamente da bolsa e estão passando por uma situação muito complicada com esse atraso”, disse o estudante.
Outro estudante, de 26 anos, que preferiu não ser identificado, disse que as bolsas não são um “favor” que a universidade faz aos alunos. Já que em várias modalidades os alunos trabalham em projetos de pesquisa ou em auxílio de atividades administrativas, pedagógicas.
“Mesmo sem receber, nossas demandas como bolsistas continuam. No mês que vem, por exemplo, os bolsistas precisam apresentar um trabalho no Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UEG. Essa apresentação é obrigatória e o evento será em Pirenópolis. A universidade disponibiliza um ônibus, mas a hospedagem é por nossa conta”, explicou.
O estudante contou ainda que se referido trabalho não for apresentado o aluno fica inadimplente, sendo impossibilitado de colar grau no fim do curso. “E se nós não recebermos a bolsa, não vamos conseguir nos manter na universidade e muito menos custear as despesas desse Congresso”, concluiu.
O Mais Goiás entrou em contato com a UEG com relação ao atraso no pagamento das bolsas, mas não recebeu retorno até o fechamento dessa matéria.
*Juliana França é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo